25 de dez. de 2025

BAIANO DENUNCIA TRABALHO NA GUERRA DA UCRÂNIA E FAZ ALERTA: “UM INFERNO”

 

Por meses, o baiano ‘Rafael’ – nome fictício -, de 38 anos, viveu o que descreve como “um inferno”. Em conversa exclusiva com o Portal A TARDE, já em solo brasileiro, o ex-combatente na guerra da Ucrânia contra a Rússia, disse ter aceitado um convite feito ainda no Brasil, motivado pelo sonho de seguir a carreira militar, por dificuldades financeiras e pela promessa de altos salários. No entanto, o que encontrou ao chegar lá foi um sistema marcado por desinformação, precariedade e risco extremo.

Rafael trabalhava no setor administrativo e enfrentava problemas financeiros quando foi abordado por um recrutador brasileiro que atua como intermediário de um batalhão ucraniano. A proposta parecia irrecusável. “Eu estava apertado. O recrutador me passou que o salário seria 45 mil mensal e 120 mil se fosse para missão no front [combate na linha e frente]”, lembrou.

Mas, o que ele não sabia ao aceitar a oferta era que os valores não eram em reais, tampouco em dólares, mas sim, em grívnias – a moeda oficial da Ucrânia. Ele só tomou conhecimento de que, na prática, a promessa financeira se mostrava muito menor do que parecia, ao assinar o contrato, que tinha validade de três anos. “Eles não falam que é grívnia”, afirmou.

Atualmente, uma grívnia equivale a cerca de R$ 0,13. Com isso, o salário mensal de 45 mil grívnias, valor prometido no batalhão em que Rafael atuou, equivale a aproximadamente R$ 6.065 mil. Em outros batalhões, segundo ele, o pagamento mensal cai para 25 mil grívnias, o que representa cerca de R$ 3.369 mil. “Tem batalhão que paga 25 mil grívnias. Tem batalhão que paga 45 mil grívnias. Eles não falam que é grívnia”, reforçou.

Além do salário mensal, havia a promessa de um pagamento extra por missão no front. “120 mil grívnias por missão, de 30 dias no front”, relatou. Convertido para a moeda brasileira, o valor corresponde a cerca de R$ 15,6 mil.

No entanto, segundo o ex-combatente, esse pagamento raramente é feito de forma integral, quando é feito. “Aqui [120 mil grívnias] é só por missão, que dura 30 dias no front. Se fosse tudo como combinado estaria até legal. Mas nada foi cumprido”, desabafou ele.

RK

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