Ao ser o
principal alvo de ataques durante o debate entre os candidatos à
Presidência da República, realizado neste domingo (28) pela TV Record,
Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, fez questão de tentar
rebater as críticas. Confrontada com denúncias de corrupção no seu
governo, especialmente envolvendo a Petrobras, Dilma chegou a pedir três
direitos de resposta em uma hora.
O candidato Aécio Neves (PSDB) disse que
não vê a presidente Dilma indignada com os escândalos que envolvem a
Petrobras e políticos do PT, PMDB e PP, que ele classificou como
“vergonhosos”. Pastor Everaldo (PSC), e Levy Fidelix (PRTB) também
criticaram as denúncias durante suas falas.
Corrupção
No único direito de resposta que foi
aceito, a presidente saiu em defesa do seu governo: “Uma coisa tem que
ficar clara, quem demitiu o Paulo Roberto (ex-diretor de Abastecimento
da Petrobras, preso na Operação Lava-Jato) fui eu. E a Polícia Federal,
no meu governo, foi quem investigou todo esses ilícitos. Eu fui a única
candidata que apresentou propostas para o combate da corrupção”.
Ela voltou a falar sobre o assunto no
segundo bloco, ao ser questionada por uma jornalista sobre segurança
pública: “Queria dizer ainda que eu tenho tido tolerância zero com a
corrupção. Não varri nada para debaixo de tapete. Não criei nenhum
engavetador geral da República”.
No início do debate, Dilma havia pedido
dois direitos de resposta para inutilizar os ataques feitos por Aécio
Neves, Marina Silva e Pastor Everaldo quando não estava sendo
questionada. Os dois pedidos foram rejeitados pela direção do debate. O
terceiro pedido não tinha a ver com os casos de corrupção. Ela foi
acusada pelo pastor Everaldo de ser autoritária por “tirar um minuto do
programa de TV”.
O ataque mais contundente às denúncias
da Petrobras foi feito por Aécio Neves, ao responder uma pergunta feita
pela própria Dilma. A presidente quis saber se o senador mineiro poderia
se comprometer a não privatizar a Petrobras, citando um discurso feito
por ele em março de 1997, quando o tucano disse que poderia discutir a
privatização da estatal.
“Não vamos privatizá-la. Vou tirar das
mãos desse grupo político que tomou conta da Petrobras. É vergonhoso. As
denúncias não cessam. E não vejo a senhora dizendo: ‘não é possível que
fizeram isso’. Essa indignação está faltando”.
O assunto voltou à tona em uma pergunta
feita pelo pastor Everaldo para Levy Fidelix: “Dilma disse que não tinha
ideia do que estava acontecendo. O senhor acha que ela não tinha ideia
mesmo?”.
O candidato do PRTB respondeu que
acredita que a presidente “não tem a menor ideia disso (escândalo da
Petrobras), como de outras coisas” e citou problemas no orçamento e
gastos públicos.
Até o início do segundo bloco, Marina
Silva não havia feito nenhum comentário sobre corrupção. A candidata do
PSB preferiu centrar os ataques do governo na crise do etanol.
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A presidente aproveitou o tempo da
resposta para falar de outros assuntos que haviam sido levantados por
outros candidatos: citou o programa federal de remédios gratuitos, a
modernização das Forças Armadas e a produção de energia por meio de
hidrelétricas.
CPMF
Dilma havia partido para o ataque contra
Marina logo na primeira pergunta do debate, declarando que a candidata
do PSB havia sido contra a aprovação da CPMF: “A senhora mudou de
partido quatro vezes, mudou de posição de um dia para outro em temas
como CLT, homofobia e pré-sal”.
Em sua resposta, a ex-senadora do Acre
disse que votou a favor da CPMF, uma vez para a criação do fundo de
combate a pobreza e lembrou que as principais liderança do PT à época
eram contrárias. A candidata falou sobre ataques que vem recebendo:
“Mudei de partido para não mudar de
ideias e princípios”, disse Marina. “Não sou nem oposição raivosa nem
situação cega. Tive prática coerente vida toda. Defendi CPMF para fundo
de combate a pobreza e essa é mais uma das conversas que o PT tem
colocado para deturpar”.
Enquanto os candidatos com mais intenção
de voto trocavam farpas, presidenciáveis com índices menos expressivos
também travaram embate particular. Luciana Genro (PSOL) perguntou a
Eduardo Jorge (PV) por que ele havia dado “uma risadinha” ao perguntar o
que ela faria “se ganhasse a eleição”. Depois, disse que os dois
partidos tinham pautas semelhantes:
A resposta de Eduardo Jorge veio na sequência: “Luciana
faltou à aula de história do século XX. O PV é um partido
ambientalista, diferente dos partidos que são de esquerda de base
marxista. Se tivermos que ajudar governo conservador ou de esquerda
vamos ajudar”.
Pós debate
A presidente Dilma reclamou ao final do debate na Record que não teve direito de resposta quando o seu governo foi atacado.
Já o tucano Aécio Neves disse ter certeza que estará no segundo turno.
Marina
Silva, por sua vez, admitiu que votou contra a CPMF no Congresso. A
presidenciável explicou que foi favorável a um projeto que previa a
criação do tributo para abastecer um fundo de combate à fome.
Marina ainda acusou Dilma e Aécio de tentaram polarizar o debate.
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