25 de dez. de 2025

OMS reconhece: Brasil zerou a transmissão do HIV de mãe para filho

 O Brasil zerou a transmissão vertical do HIV e foi reconhecido pela OMS - Foto: Canva

O Brasil alcançou um marco histórico agora em dezembro. O país zerou a transmissão do vírus HIV de mãe para filho como problema de saúde pública, segundo critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS). O reconhecimento vem após anos de avanços em prevenção, diagnóstico e tratamento ofertados pelo SUS.

Os resultados aparecem no novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado no início do mês. Entre 2023 e 2024, o número de mortes por aids caiu 13%, o que representa mais de mil vidas preservadas no período.

Os dados também mostram queda nos casos da doença e melhora consistente no cuidado com gestantes e bebês. A combinação de pré-natal amplo, testagem, tratamento e acompanhamento permitiu interromper a infecção durante a gestação, o parto e a amamentação.

Queda histórica

O número de óbitos por aids no Brasil caiu de mais de 10 mil em 2023 para 9,1 mil em 2024. Foi a primeira vez, em 32 anos, que o total ficou abaixo de dez mil mortes.

Os casos de aids também recuaram. Em 2023, foram registrados 37,5 mil casos. Em 2024, o número caiu para 36,9 mil, uma redução de 1,5%.

Segundo o Ministério da Saúde, os resultados refletem o acesso gratuito pelo SUS a terapias modernas, capazes de tornar o vírus indetectável e intransmissível quando o tratamento é seguido corretamente.

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Transmissão de mãe para filho 

No cuidado materno-infantil, o país registrou queda de 7,9% nos casos de gestantes com HIV e redução de 4,2% no número de crianças expostas ao vírus. O início tardio da profilaxia neonatal diminuiu 54%, indicando melhora no pré-natal e nas maternidades.

O Brasil manteve a taxa de transmissão vertical abaixo de 2% e a incidência da infecção em crianças em menos de 0,5 caso por mil nascidos vivos. A cobertura de pré-natal, testagem e tratamento das gestantes superou 95%.

Com esses indicadores mantidos de forma contínua, o país atingiu integralmente as metas internacionais definidas pela OMS, interrompendo a infecção de bebês de maneira sustentada.

Prevenção combinada

O Brasil adotou a chamada Prevenção Combinada, que reúne diferentes estratégias para reduzir o risco de infecção. Além dos preservativos, passaram a integrar a política pública a PrEP e a PEP, usadas antes e depois da exposição ao vírus.

Desde 2023, o número de usuários da PrEP cresceu mais de 150%. Atualmente, cerca de 140 mil pessoas utilizam a medicação diariamente, o que contribui para reduzir novas infecções e ampliar a testagem.

Para dialogar com o público jovem, o Ministério da Saúde também passou a distribuir preservativos texturizados e sensitivos, com a aquisição de 190 milhões de unidades de cada modelo.

Diagnóstico e tratamento 

Na área de diagnóstico, houve aumento expressivo na oferta de exames. Foram adquiridos 6,5 milhões de testes rápidos para HIV e sífilis, além da distribuição de 780 mil autotestes, que facilitam a detecção precoce.

O SUS garante tratamento gratuito a todas as pessoas diagnosticadas com HIV. Mais de 225 mil utilizam o comprimido único que combina lamivudina e dolutegravir, esquema considerado eficaz, bem tolerado e com menor risco de efeitos adversos.

O avanço no tratamento aproxima o país das metas globais 95-95-95. O Brasil já cumpriu duas delas: diagnóstico e acesso ao tratamento.

Investimento em participação social e governança

Para fortalecer a resposta ao HIV, o Ministério da Saúde lançou editais que somam R$ 9 milhões destinados a organizações da sociedade civil. A iniciativa reconhece o papel dessas entidades na construção das políticas públicas de enfrentamento à aids.

A pasta também ampliou o número de comissões e comitês consultivos na área e liderou a criação de um comitê interministerial voltado à eliminação de doenças associadas a fatores sociais, com foco na transmissão vertical do HIV.

Exposição

Como parte das ações de conscientização, o Ministério da Saúde abriu em Brasília a exposição “40 anos da história da resposta brasileira à aids” e lançou a campanha “Nascer sem HIV, viver sem aids”.

Instalada no SESI Lab, a mostra reúne relatos, documentos e conteúdos que retratam quatro décadas de políticas públicas, produção científica e mobilização social. A visitação segue aberta ao público até 30 de janeiro de 2026.

O Brasil zerou a transmissão vertical do HIV e foi reconhecido pela OMS - Foto: Canva

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