quarta-feira, 4 de abril de 2018

Deltan rebate críticas sobre jejum e oração pelo Brasil: “Sou cristão e não esco

Deltan Dallagnol, procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato. (Foto: Theo Marques/Estadão)
Deltan Dallagnol, procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato. (Foto: Theo Marques/Estadão)
O procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, usou sua conta do Twitter no domingo de Páscoa para dizer que está em jejum e oração pelo Brasil pelo fim da corrupção.
“4ª feira é o dia D da luta contra a corrupção na #LavaJato. Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo país, jamais serão responsabilizados, na Lava Jato e além. O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país”, escreveu.
Seu comentário foi alvo de uma série de críticas, mas também recebeu apoio de autoridades, como o juiz Marcelo bretas. “Caro irmão em Cristo, como cidadão brasileiro e temente a Deus, acompanhá-lo-ei em oração, em favor do nosso País e do nosso Povo”, disse ele também na rede social.
Em entrevista ao Jornal da Manhã nesta terça-feira (3), Dallagnol foi questionado se era errado misturar religião com política. Em resposta, o procurador destacou que sua atitude como cristão não fere a laicidade do Estado.
“O Estado laico é diferente de secularismo. Eu sou cristão, como todos sabem. Eu não escondo isso. Isso faz parte da minha identidade e eu oro pelo meu País. Minha oração e jejum são pela causa anticorrupção e contra a impunidade — não em relação a uma ou outra pessoa específica”, esclareceu.
“Expressar sua fé faz parte da liberdade religiosa e liberdade de expressão que todo cidadão tem em uma democracia”, observa Dallagnol. “Um promotor ou procurador não deixa de ser cidadão. É importante observar que eu me expressei em uma rede social, no meu perfil pessoal e sobre um tema que está fora de minha atribuição profissional — embora vá impactar, sem dúvidas, a Lava Jato”.
Impunidade sistêmica
O Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar na quarta-feira (4) o pedido de habeas corpus preventivo, com o qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer evitar sua prisão após condenação pela segunda instância da Justiça Federal no caso do triplex do Guarujá.
Dallagnol disse ser “impressionante” que, quatro anos após o início da Operação, nós estejamos discutindo retrocessos. “Estamos prestes a jogar tudo o que foi feito no lixo por meio de uma mudança de entendimento que vai continuar a impunidade (…) Se o Supremo impedir [a prisão após segunda instância] vai impactar não só a Lava Jato”, afirmou o procurador.
Com uma eventual mudança de entendimento do STF, Dallagnol teme que essa se torne uma tendência para diversos poderosos serem soltos, como Eduardo Cunha, José Dirceu, João Vaccari e executivos de empreiteiras alvos da Lava Jato.
“Não tem motivo para mudar entendimento. Se mudar essa regra vai ser um marco de impunidade. Vai soltar corruptos, traficantes, pedófilos. E não é alarmismo”, avalia. “Todo mundo vai sair da cadeia pela porta da frente e ninguém vai entrar. Estamos falando de impunidade sistêmica”.

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quarta-feira, 4 de abril de 2018

Deltan rebate críticas sobre jejum e oração pelo Brasil: “Sou cristão e não esco

Deltan Dallagnol, procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato. (Foto: Theo Marques/Estadão)
Deltan Dallagnol, procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato. (Foto: Theo Marques/Estadão)
O procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, usou sua conta do Twitter no domingo de Páscoa para dizer que está em jejum e oração pelo Brasil pelo fim da corrupção.
“4ª feira é o dia D da luta contra a corrupção na #LavaJato. Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo país, jamais serão responsabilizados, na Lava Jato e além. O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país”, escreveu.
Seu comentário foi alvo de uma série de críticas, mas também recebeu apoio de autoridades, como o juiz Marcelo bretas. “Caro irmão em Cristo, como cidadão brasileiro e temente a Deus, acompanhá-lo-ei em oração, em favor do nosso País e do nosso Povo”, disse ele também na rede social.
Em entrevista ao Jornal da Manhã nesta terça-feira (3), Dallagnol foi questionado se era errado misturar religião com política. Em resposta, o procurador destacou que sua atitude como cristão não fere a laicidade do Estado.
“O Estado laico é diferente de secularismo. Eu sou cristão, como todos sabem. Eu não escondo isso. Isso faz parte da minha identidade e eu oro pelo meu País. Minha oração e jejum são pela causa anticorrupção e contra a impunidade — não em relação a uma ou outra pessoa específica”, esclareceu.
“Expressar sua fé faz parte da liberdade religiosa e liberdade de expressão que todo cidadão tem em uma democracia”, observa Dallagnol. “Um promotor ou procurador não deixa de ser cidadão. É importante observar que eu me expressei em uma rede social, no meu perfil pessoal e sobre um tema que está fora de minha atribuição profissional — embora vá impactar, sem dúvidas, a Lava Jato”.
Impunidade sistêmica
O Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar na quarta-feira (4) o pedido de habeas corpus preventivo, com o qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer evitar sua prisão após condenação pela segunda instância da Justiça Federal no caso do triplex do Guarujá.
Dallagnol disse ser “impressionante” que, quatro anos após o início da Operação, nós estejamos discutindo retrocessos. “Estamos prestes a jogar tudo o que foi feito no lixo por meio de uma mudança de entendimento que vai continuar a impunidade (…) Se o Supremo impedir [a prisão após segunda instância] vai impactar não só a Lava Jato”, afirmou o procurador.
Com uma eventual mudança de entendimento do STF, Dallagnol teme que essa se torne uma tendência para diversos poderosos serem soltos, como Eduardo Cunha, José Dirceu, João Vaccari e executivos de empreiteiras alvos da Lava Jato.
“Não tem motivo para mudar entendimento. Se mudar essa regra vai ser um marco de impunidade. Vai soltar corruptos, traficantes, pedófilos. E não é alarmismo”, avalia. “Todo mundo vai sair da cadeia pela porta da frente e ninguém vai entrar. Estamos falando de impunidade sistêmica”.

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