segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Adultos e idosos superam barreiras e retomam estudos

Imagem: DivulgaçãoSegundo dados somados dos governos estaduais, cerca de 3.977.670 brasileiros, são participantes do programa de educação de jovens e adultos (EJA). “No final dos anos 90 e no início dos anos 2000, houve um boom nesse segmento (etário). Deveu-se muito às políticas empreendidas para que colégios particulares incorporassem esses estudantes. Acabou falhando. Logo depois, houve uma queda muito grande, e, atualmente, o número desses alunos está se firmando dentro de uma margem. O dado principal é que o perfil mudou. Cada vez mais aumenta o número de pessoas mais velhas na EJA”, descreve a pesquisadora de educação Ana Célia Costa, da Universidade de Brasília (UnB). O aumento no número de idosos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio retrata à perfeição essa mudança de perfil. A prova, que pode ser usada para a conquista da certificação de nível médio, teve o seu número de candidatos com mais de 60 anos saltando de 4,7 mil, em 2009, para 15,5 mil em 2014. “Os mais velhos estão voltando aos bancos escolares depois de já conseguirem uma estabilidade financeira. Tínhamos que conseguir quantificar a motivação para fazer o Enem. Já compreendemos que muitos jovens deixaram de fazer a EJA pois conseguem o certificado pelo Enem. Mas, entre os mais velhos, essa motivação se torna mais diversificada. Em entrevistas, vemos que muitos fazem para se testar ou para continuar o estudo. Mas, para eles, o mais importante é o espaço de convivência que a escola possibilita”, arrisca Ana Célia. A socialização com outras pessoas de realidades e interesses similares foi o que mais fascinou a costureira Euremir Araújo, de 60 anos. “Eu sentia muita vergonha quando entrei. Até já sabia ler e escrever, mas não era boa. A professora pedia para ir ao quadro, e eu não queria. Depois fui vendo que o ambiente era muito legal e, agora, eu só quero ir ao quadro escrever – comemora Euremir, para quem a convivência, às vezes, também traz problemas: Os grupos mais jovens são mais agitados. Tem horas em que eu fico irritada, mas eles também ajudam quando veem que estamos com dificuldade”, afirma ela. Na cidade do Rio de Janeiro, um programa envolve a família a fim de atrair adultos de volta às carteiras escolares. A iniciativa Sou Pai, Sou Estudante busca seus futuros alunos durante as reuniões de pais de estudantes do ensino regular. “Quando vemos algum parente com dificuldade, entramos em contato para convidá-lo a participar do nosso EJA. Atualmente, nas formaturas temos os filhos entregando os diplomas para os pais. É uma forma de reaproximar o colégio daqueles que tiveram que abandoná-lo”, diz a secretária municipal de Educação, Helena Bomeny. O Rio, contra o fluxo de estabilidade da média nacional, viu crescer em 13% o número de estudantes da Educação de Jovens e Adultos. Virou exemplo do novo perfil de aluno do segmento: cada vez mais velho. Do ano passado para este, o percentual de jovens de 15 a 16 anos na EJA caiu de 26% para 7%, enquanto a faixa de acima de 60 anos aumenta a cada ano.

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Adultos e idosos superam barreiras e retomam estudos

Imagem: DivulgaçãoSegundo dados somados dos governos estaduais, cerca de 3.977.670 brasileiros, são participantes do programa de educação de jovens e adultos (EJA). “No final dos anos 90 e no início dos anos 2000, houve um boom nesse segmento (etário). Deveu-se muito às políticas empreendidas para que colégios particulares incorporassem esses estudantes. Acabou falhando. Logo depois, houve uma queda muito grande, e, atualmente, o número desses alunos está se firmando dentro de uma margem. O dado principal é que o perfil mudou. Cada vez mais aumenta o número de pessoas mais velhas na EJA”, descreve a pesquisadora de educação Ana Célia Costa, da Universidade de Brasília (UnB). O aumento no número de idosos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio retrata à perfeição essa mudança de perfil. A prova, que pode ser usada para a conquista da certificação de nível médio, teve o seu número de candidatos com mais de 60 anos saltando de 4,7 mil, em 2009, para 15,5 mil em 2014. “Os mais velhos estão voltando aos bancos escolares depois de já conseguirem uma estabilidade financeira. Tínhamos que conseguir quantificar a motivação para fazer o Enem. Já compreendemos que muitos jovens deixaram de fazer a EJA pois conseguem o certificado pelo Enem. Mas, entre os mais velhos, essa motivação se torna mais diversificada. Em entrevistas, vemos que muitos fazem para se testar ou para continuar o estudo. Mas, para eles, o mais importante é o espaço de convivência que a escola possibilita”, arrisca Ana Célia. A socialização com outras pessoas de realidades e interesses similares foi o que mais fascinou a costureira Euremir Araújo, de 60 anos. “Eu sentia muita vergonha quando entrei. Até já sabia ler e escrever, mas não era boa. A professora pedia para ir ao quadro, e eu não queria. Depois fui vendo que o ambiente era muito legal e, agora, eu só quero ir ao quadro escrever – comemora Euremir, para quem a convivência, às vezes, também traz problemas: Os grupos mais jovens são mais agitados. Tem horas em que eu fico irritada, mas eles também ajudam quando veem que estamos com dificuldade”, afirma ela. Na cidade do Rio de Janeiro, um programa envolve a família a fim de atrair adultos de volta às carteiras escolares. A iniciativa Sou Pai, Sou Estudante busca seus futuros alunos durante as reuniões de pais de estudantes do ensino regular. “Quando vemos algum parente com dificuldade, entramos em contato para convidá-lo a participar do nosso EJA. Atualmente, nas formaturas temos os filhos entregando os diplomas para os pais. É uma forma de reaproximar o colégio daqueles que tiveram que abandoná-lo”, diz a secretária municipal de Educação, Helena Bomeny. O Rio, contra o fluxo de estabilidade da média nacional, viu crescer em 13% o número de estudantes da Educação de Jovens e Adultos. Virou exemplo do novo perfil de aluno do segmento: cada vez mais velho. Do ano passado para este, o percentual de jovens de 15 a 16 anos na EJA caiu de 26% para 7%, enquanto a faixa de acima de 60 anos aumenta a cada ano.

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