terça-feira, 29 de julho de 2014

Alcoolismo afastou quase 100 mil do emprego nos últimos seis anos

Nos últimos seis anos quase 100 mil brasileiros se afastaram do emprego ou foram demitidos por causa do alcoolismo, afirma o Ministério da Previdência. A doença é grave e costuma romper a ligação que os dependentes tinham com a família e com o trabalho.
O primeiro passo do ajudante de frete José Robério foi admitir que o problema existia. O segundo, procurar ajuda e, a partir daí, resistir, segurar, enganar a vontade de beber. Ele não bebe há 40 dias “Pretendo continuar assim, sem bebida alcoólica”, afirma.
O comerciante Paulo Chaves, dono de um botequim, faz o pedido semanal para repor o estoque. São R$ 500 em compras só de bebidas alcoólicas. As chamadas bebidas quentes, como a cachaça, são as mais vendidas. Ele diz que quem busca uma desculpa para beber, encontra muitas: “Está bebendo porque fez um mal negócio ou porque está chateado ou porque bebeu demais no dia anterior, tem que beber uma para sarar a ressaca. Tem essas coisas”.
“Acaba sendo gerado um problema para a Previdência em termos financeiros. A pessoa deixa de contribuir para a Previdência, porque está com direito a benefício e ainda gera despesa com o benefício”, explica Alexandre Zioli, coordenador de atuária do Ministério da Previdência Social.
Um homem que sofre com o alcolismo e prefere não se identificar conta que o encontro com o álcool foi um azar. Ele tinha 14 anos e estava começando a vida profissional em um grande banco. Hoje, aos 45 anos, trabalha como ambulante: “Enquanto eu estava bebendo, eu não parei em lugar nenhum. O álcool foi extremamante massacrante e impeditivo de que eu viesse a ser um ser de produção”.
Mesmo sem beber há 13 anos, ele ainda não conseguiu restabelecer os vínculos familiares. “Eu, particularmente, sou extremamente só”, relata.
Segundo a psicóloga Janete Pinheiro, que trabalha em uma clínica de reabilitação, a tolerância das famílias tem limite e aconselha que elas procurem ajuda para evitar um mal que pode ser ainda maior: o abandono do parente. “Sozinho esse caminho é bastante tortuoso porque ele ainda tem muito desejo de beber. Então, ele vai ficar brigando com isso. Entre andar nas pedras e beber sempre foi mais fácil beber”, orienta a especialista.
Em 2009, 13.797 pessoas foram afastadas do trabalho e receberam auxílio-doença por causa do alcoolismo. No ano passado, o número saltou para 16.480 afastamentos.

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Alcoolismo afastou quase 100 mil do emprego nos últimos seis anos

Nos últimos seis anos quase 100 mil brasileiros se afastaram do emprego ou foram demitidos por causa do alcoolismo, afirma o Ministério da Previdência. A doença é grave e costuma romper a ligação que os dependentes tinham com a família e com o trabalho.
O primeiro passo do ajudante de frete José Robério foi admitir que o problema existia. O segundo, procurar ajuda e, a partir daí, resistir, segurar, enganar a vontade de beber. Ele não bebe há 40 dias “Pretendo continuar assim, sem bebida alcoólica”, afirma.
O comerciante Paulo Chaves, dono de um botequim, faz o pedido semanal para repor o estoque. São R$ 500 em compras só de bebidas alcoólicas. As chamadas bebidas quentes, como a cachaça, são as mais vendidas. Ele diz que quem busca uma desculpa para beber, encontra muitas: “Está bebendo porque fez um mal negócio ou porque está chateado ou porque bebeu demais no dia anterior, tem que beber uma para sarar a ressaca. Tem essas coisas”.
“Acaba sendo gerado um problema para a Previdência em termos financeiros. A pessoa deixa de contribuir para a Previdência, porque está com direito a benefício e ainda gera despesa com o benefício”, explica Alexandre Zioli, coordenador de atuária do Ministério da Previdência Social.
Um homem que sofre com o alcolismo e prefere não se identificar conta que o encontro com o álcool foi um azar. Ele tinha 14 anos e estava começando a vida profissional em um grande banco. Hoje, aos 45 anos, trabalha como ambulante: “Enquanto eu estava bebendo, eu não parei em lugar nenhum. O álcool foi extremamante massacrante e impeditivo de que eu viesse a ser um ser de produção”.
Mesmo sem beber há 13 anos, ele ainda não conseguiu restabelecer os vínculos familiares. “Eu, particularmente, sou extremamente só”, relata.
Segundo a psicóloga Janete Pinheiro, que trabalha em uma clínica de reabilitação, a tolerância das famílias tem limite e aconselha que elas procurem ajuda para evitar um mal que pode ser ainda maior: o abandono do parente. “Sozinho esse caminho é bastante tortuoso porque ele ainda tem muito desejo de beber. Então, ele vai ficar brigando com isso. Entre andar nas pedras e beber sempre foi mais fácil beber”, orienta a especialista.
Em 2009, 13.797 pessoas foram afastadas do trabalho e receberam auxílio-doença por causa do alcoolismo. No ano passado, o número saltou para 16.480 afastamentos.

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