14 de dez. de 2025

Revelações expõem esquema de falsos milagres em igreja de pastor Leonardo Sale

Revelações expõem esquema de falsos milagres em igreja de pastor Leonardo Sale

Igreja Pentecostal Templo de Milagres (IPTM), liderada pelo pastor Leonardo Sale, é alvo de investigação que aponta uso de atores para simular milagres e profecias durante cultos. As suspeitas, levantadas após seis meses de apuração, surgem em meio a fechamento de unidades e queda no número de fiéis da denominação.


Documentos e gravações obtidos pela reportagem indicam que pastores associados da IPTM em Minas Gerais recrutavam pessoas para testemunhar falsas curas e revelações divinas. O suposto esquema teria como objetivo aumentar a arrecadação e atrair novos membros, com pagamentos entre R$ 200 e R$ 500 por depoimento encenado.


Contexto e ascensão da IPTM


Leonardo Sale assumiu a liderança da igreja após o espaço pertencer ao Ministério Flordelis, condenado por homicídio. Sob seu comando, a IPTM experimentou crescimento acelerado, atraindo fiéis com cultos que prometiam revelações e curas milagrosas. Sale construiu uma imagem pública de homem resiliente – vítima de sequestro, alvo de tiros e que perdeu três filhos.


Recentemente, o pastor ganhou notoriedade nacional ao atropelar um suposto assaltante na Barra da Tijuca. Contudo, a família da vítima nega a versão do crime e descreve o homem como trabalhador e honesto.


Mecanismo dos falsos milagres


Gravações mostram o pastor David Lacerda, líder de congregação da IPTM em Minas Gerais, orientando pessoas sobre como simular testemunhos. Em um dos vídeos, é possível ouvir: "Você vai dizer que estava com câncer terminal e que Deus te curou durante o culto do pastor Sale".


Participantes do esquema relatam receber roteiros básicos com histórias de doença, desespero e milagre durante cultos. Em março de 2023, Sale já havia sido criticado por declarar a "cura" de autismo em uma criança de 12 anos, sem apresentar comprovação médica.


Repercussão e contradições


As revelações causaram comoção entre fiéis, com muitos expressando decepção nas redes sociais. Especialistas alertam que a prática, se confirmada, configura estelionato religioso. "O uso de atores para simular milagres pode configurar crime contra a fé pública", explica João Silva, professor de Direito Eclesiástico da PUC-Rio.


O caso ocorre em momento de crescente escrutínio sobre igrejas neopentecostais no Brasil. Fiéis e autoridades têm demandado maior transparência nas atividades e finanças dessas instituições.


Leonardo Sale nega veementemente as acusações e afirma que todos os milagres testemunhados em sua igreja são autênticos. Até o momento, nenhuma liderança evangélica de destaque se manifestou sobre o caso.

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