4 de dez. de 2025

Indonésia soma 700 mortos e milhares de feridos em enchentes

 

As autoridades indonésias atualizaram, nesta segunda-feira, o balanço das inundações e deslizamentos que atingiram a ilha de Sumatra, informando que aproximadamente 700 pessoas morreram, segundo dados da Agência Nacional de Gestão de Desastres. O órgão acrescentou que 464 pessoas permanecem desaparecidas e 2.600 ficaram feridas, em um dos desastres naturais mais graves registrados no país nos últimos anos, conforme noticiado pelo jornal The Star.

A agência estimou que mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas e que aproximadamente 570 mil foram obrigadas a deixar suas casas, muitas delas abrigadas em prédios públicos sem acesso a água potável ou eletricidade. As províncias mais atingidas foram Sumatra do Norte, com 283 mortes confirmadas, Sumatra Ocidental, com 165 óbitos, e Aceh, que registrou 156 vítimas.

Os danos estruturais incluem pontes destruídas, rodovias intransitáveis e rede elétrica comprometida, dificultando as operações de resgate. Em Tapanuli Central, uma das áreas mais afetadas, moradores relataram falta de alimentos e dificuldades para receber ajuda. A residente Maysanti declarou à BBC que os caminhões de suprimentos não alcançaram sua aldeia. “Acabou tudo; nossos estoques de comida estão se esgotando”, afirmou. “Até macarrão instantâneo está sendo disputado. O acesso a esses recursos está completamente cortado”.

Em Pidie Jaya, na província de Aceh, moradores disseram que a água da enchente chegou ao nível dos telhados. A residente Arini Amalia descreveu a enxurrada como “um tsunami”, afirmando que nem mesmo sua avó, que vive há décadas na região, havia presenciado devastação semelhante.

Com linhas de comunicação interrompidas, autoridades instalaram equipamentos de internet via satélite Starlink para auxiliar moradores na região central de Aceh. Milhares de pessoas formaram filas na noite de domingo para carregar celulares e tentar contato com familiares.

Críticas têm sido direcionadas à resposta governamental, com relatos de atrasos na distribuição de alimentos e entraves logísticos. Equipes humanitárias apontam dificuldades para transitar por estradas cobertas de lama, áreas soterradas e trechos totalmente destruídos. Imagens divulgadas mostram bairros inteiros submersos ou cobertos por sedimentos, veículos retorcidos e troncos acumulados contra edificações.

No ponto turístico das Pontes Gêmeas, em Sumatra Ocidental, equipes utilizam máquinas pesadas para remover detritos e procurar desaparecidos. A moradora Mariana, que perdeu familiares, acompanhava o trabalho das escavadeiras à beira da estrada.

As enchentes foram provocadas por chuvas intensas da semana passada, que levaram rios ao transbordamento e causaram deslizamentos em regiões costeiras e montanhosas. Especialistas afirmam que o evento foi agravado pela formação da rara tempestade tropical Senyar, que atingiu o estreito de Malaca e levou ventos fortes e precipitações volumosas para Sumatra e o sul da Tailândia, segundo a Al Jazeera.

Cortes de energia continuam afetando Aceh e o norte de Sumatra, embora algumas áreas do oeste da ilha tenham tido o serviço parcialmente restabelecido. Em toda a região do Sudeste Asiático, o sistema de tempestades associado ao ciclone já causou mais de 1.140 mortes na Indonésia, Sri Lanka, Tailândia e Malásia.

Meteorologistas atribuíram a gravidade das chuvas à persistência do fenômeno La Niña, que intensifica as monções e aumenta a probabilidade de precipitações extremas. O tufão Senyar também passou próximo à Malásia, onde provocou a morte de pelo menos duas pessoas.

O presidente Prabowo Subianto visitou, na segunda-feira, áreas atingidas no norte de Sumatra. Ele reconheceu que vários trechos permaneciam inacessíveis, mas afirmou que as equipes de emergência “estão fazendo o possível” para ampliar o alcance do socorro.

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