O pastor Pedro Pamplona, da Igreja Batista Filadélfia, em Fortaleza (CE), apresentou uma avaliação bíblica sobre uma dúvida recorrente entre cristãos: se o contato com filmes e séries de terror “abre portais” ou dá “legalidade” para o diabo agir na vida das pessoas. A discussão, apontou, voltou a ganhar força com o sucesso de Stranger Things, que popularizou imagens de “portais”, “monstros” e referências a possessões no enredo.
Pamplona afirmou que, ao revisar episódios bíblicos em que demônios aparecem agindo contra pessoas, identificou três padrões. O primeiro, segundo ele, é que em muitos relatos — especialmente nos casos de endemoninhados no ministério de Jesus — nenhuma causa é apresentada para explicar por que aquela pessoa estaria sob ação demoníaca.
O segundo padrão, disse, é que quando uma causa é explicitada, ela aparece “quase sempre” associada ao pecado, citando exemplos como Saul em 1 Samuel 16, Acabe em 1 Reis 22 e um episódio envolvendo os filhos de Seba em Atos 19. O terceiro ponto, ainda de acordo com o pastor, é que há situações em que a ação de Satanás ocorre dentro de um propósito maior, sob a permissão de Deus, citando o caso de Jó e voltando a mencionar Acabe.
Com base nisso, Pamplona disse não encontrar na Bíblia a ideia de que obras culturais, objetos ou produções artísticas “abram portais” espirituais. Ele classificou essa linguagem como típica de uma linha que atribuiu ao que chamou de “batalha espiritual de terceira onda”, associada ao neopentecostalismo brasileiro e a doutrinas que, em sua avaliação, misturam cristianismo com esoterismo e misticismo.
Ao tratar do conceito de “dar lugar ao diabo”, o pastor citou Efésios 4:27 e afirmou que o texto relaciona esse “lugar” à ira pecaminosa e à ira prolongada não tratada. “Se a Bíblia ensina algo sobre dar legalidade a Satanás, essa legalidade vem por meio do pecado”, declarou, resumindo o argumento central.
Pamplona também fez ressalvas práticas sobre entretenimento. Ele disse que nem todo conteúdo deve ser consumido e apresentou três cuidados. O primeiro é evitar obras que, por si mesmas, sejam pecaminosas, mencionando produções “pornográficas ou semi-pornográficas”. O segundo é observar quando um filme, série ou livro leva ao pecado, ao “ensinar, exaltar e fazer amar o que é errado”, recomendando interromper esse tipo de consumo. O terceiro ponto envolve o efeito emocional: ele afirmou que produções de terror podem gerar medo intenso e traumas, e que esse medo pode ser usado para opressão, orientando maior cautela para quem é “mais sensível” ao tema.
Nesse contexto, o pastor defendeu que essas decisões exigem avaliação pessoal, com atenção para não transformar regras individuais em imposições gerais. Ele concluiu com um apelo para abandonar o que chamou de mistura de misticismo com cristianismo, estudar o tema “pelas Escrituras” e buscar santidade, citando 1 João 5:18: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado, porque quem é nascido de Deus guarda a si mesmo e o maligno não pode tocar nele”.
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