Queremos abordar agora a vida espiritual no lar; isto envolve não só o casal, mas toda a família. Porém, nosso enfoque maior neste momento não são os filhos, e sim os cônjuges. Durante muito tempo, ao ensinarmos sobre o assunto, usamos a expressão “o sacerdócio no lar”, mas queremos começar corrigindo isso aqui. Muitas vezes propagamos conceitos equivocados, sem base bíblica, porque os recebemos sem questionar e acabamos levando adiante.
A Bíblia ensina que Jesus Cristo nos comprou com seu sangue para fazer de nós reis e sacerdotes (Ap 5.9,10), o que nos faz compreender a visão do sacerdócio universal do crente. Diferente da idéia difundida pela Igreja em séculos anteriores, não temos duas categorias distintas na igreja: o clero e os leigos. Todos são sacerdotes e deveriam funcionar como tal. A Palavra de Deus distingue posições de governo dentro da Igreja Local, mas não limita o sacerdócio a uns poucos cristãos. Todo crente deve funcionar em seu lugar no Corpo de Cristo, e todos têm a responsabilidade de ministrar ao Senhor, bem como aos homens, em nome d’Ele. Esta visão tem sido resgatada desde a Reforma Protestante e ainda amadurece em nossos dias, e somos gratos a Deus por isso.
Contudo, no esforço de resgatar esta verdade, acabamos exagerando na dose. Falamos muito sobre o homem ser o sacerdote de seu lar e, na verdade, o que estamos fazendo é confundir o governo com o sacerdócio.
“Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo.” (1 Coríntios 11.3)
A ordem de sujeição é clara na Bíblia: Deus é o cabeça de Cristo, Cristo é o cabeça do homem e o homem é o cabeça da (sua, não da dos outros) mulher. Este texto fala de governo e sujeição. Porém, por alguma razão, passamos a tratar como se falasse de sacerdócio, ensinando algo mais ou menos assim: Se Cristo, por ser cabeça do homem é seu sacerdote, logo o homem, por ser cabeça de sua mulher é sacerdote dela.
Se as coisas fossem exatamente assim, então a mulher não exerce sacerdócio sobre ninguém e Cristo não é sacerdote dela, só de seu marido! Em seu livro, “Casamento & Família”, publicado em português pela Graça Editorial, o Dr. Frederick Price fala acerca disso:
“Eu percebo que esta possa ser uma revelação ou uma ideia revolucionária para você, mas o marido não é o cabeça espiritual da esposa. Muitas pessoas falam do marido como sendo o sumo sacerdote da família, o sacerdote da casa e assim por diante. Mas o marido não é o sacerdote da casa! Toda pessoa nascida de novo é sacerdote e rei, independentemente do sexo, raça ou classe (1 Pe 2.5,9; Ap 1.6). O único cabeça espiritual em qualquer lar é Jesus. Jesus é o cabeça. Ele é o único Sumo Sacerdote. Nós somos em conjunto reis e sacerdotes porque somos o Corpo de Cristo. De outra forma, você estaria dizendo que Jesus é o sacerdote do homem, mas o homem é sacerdote da mulher! E isso coloca um ser humano entre as mulheres e Jesus, exatamente como no Velho Testamento, quando um sacerdote tinha que interceder entre os israelitas e Deus… Jesus é o Sumo Sacerdote de cada pessoa nascida de novo. Homem nenhum pode usurpar a autoridade do Sacerdote de todos os tempos. Se os homens não precisam de um sacerdote humano sobre eles, tampouco precisam as mulheres!” (Capítulo 6, páginas 71 e 72).
Portanto, cremos que tanto o marido como a esposa (e também os filhos) são todos sacerdotes que devem ministrar perante Deus e em favor uns dos outros. A única questão em que o homem se destaca é no governo do lar que lhe foi confiado. O fato de só o marido ser o cabeça do lar não significa que só ele seja sacerdote!
O GOVERNO ESPIRITUAL DO LAR
Antes de governar na igreja, o homem tem que governar em sua própria casa:
“É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher… e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como governará a Igreja de Deus?)” (1 Timóteo 3.2a,4-5)
Não é porque vai governar a igreja que o bispo tem que ter um bom lar, mas justamente o contrário. O homem tem que ser o pastor do seu próprio lar; isto é requisito não só para quem ingressa no ministério de tempo integral, mas é um exemplo de vida cristã. E se a pessoa não cumpre um requisito básico da vida cristã, então não tem autoridade para ser um ministro à frente da Igreja.
Portanto, o mandamento de governar bem o lar – incluindo a vida espiritual – é para todo cristão. E isto envolve uma excelente conduta familiar, que depois será cobrada do líder como exemplo para o restante do rebanho:
“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados.” (Tito 1.5,6)
O homem, além de ser fiel à sua esposa, deve conduzir seus filhos no caminho do Senhor e numa vida de santidade, o que exigirá dele não só conselhos casuais, mas todo um acompanhamento, investimento e ministração na vida espiritual de seus familiares. O posicionamento de um homem de Deus sempre deve envolver sua casa. Este foi o exemplo dado por Josué:
“Mas se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais, se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Josué 24.15)
O texto acima reflete a responsabilidade de Josué de não apenas buscar ao Senhor, mas servi-lo com toda a sua família. Quando se trata de família, não existe a história de “cada um por si”. Embora a responsabilidade de cada um diante de Deus seja individual, precisamos aprender a lutar por nossos familiares, especialmente aqueles que possuem a incumbência de governar o lar.
O plano de Deus não é apenas para o homem sozinho, mas para toda a sua família. Quando o Senhor decidiu julgar e destruir a humanidade nos dias de Noé, não proveu salvação para ele sozinho, mas para toda a sua família (Gn 6.18). Vemos também que Deus prometeu a Abraão que nele seriam abençoadas todas as famílias da Terra (Gn 12.3). Ao tirar Ló de Sodoma, o anjo do Senhor fez com que ele saísse com toda a família (Gn 19.12). No Novo Testamento encontramos um anjo visitando Cornélio e dizendo que deveria chamar a Pedro, “o qual te dirá palavras mediante as quais será salvo, tu e toda a tua casa”. (At 11.14). E além de todas estas porções bíblicas, encontramos a clássica declaração do apóstolo Paulo ao carcereiro de Filipos:
“Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e toda a tua casa.” (Atos 16.31)
Deus tem um plano para toda a família. Não quer dizer que porque um se converteu, todos irão automaticamente converter-se por causa deste texto. Não creio que ele seja uma promessa a todo crente, e sim que revele uma intenção de Deus quanto às famílias de uma forma geral. Vale lembrar que Paulo declarou isto ao carcereiro num momento em que este homem ia se matar. Paulo não podia vê-lo, pois além de estar dentro de sua cela, a Bíblia diz que eles estavam no escuro. O apóstolo Paulo teve uma revelação do Espírito Santo para uma pessoa específica, num momento específico.
Não podemos dizer: “Ei, Deus! Você prometeu que se eu cresse iria salvar todo mundo lá em casa!”. Mas podemos muito bem orar pelos nossos familiares crendo que há um plano divino para toda a família.
Porém, ainda assim, cada familiar nosso tem o direito de escolha; e se dirão sim ou não a Jesus Cristo, é uma responsabilidade pessoal de cada um deles. Mas devemos fazer de tudo para convencê-los, ensiná-los, cobri-los de oração intercessória e tudo o mais que for possível.
No caso deste carcereiro filipense, o Senhor mostrou-lhe de antemão toda a família salva. Mas para cada um de nós, mesmo se não diga de antemão o que irá acontecer, Deus já revelou seu plano (em sua Palavra) para toda a família. E o cabeça do lar tem uma grande responsabilidade de afetar o destino dos seus entes queridos.
Por Luciano P. Subirá: responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.
A Bíblia ensina que Jesus Cristo nos comprou com seu sangue para fazer de nós reis e sacerdotes (Ap 5.9,10), o que nos faz compreender a visão do sacerdócio universal do crente. Diferente da idéia difundida pela Igreja em séculos anteriores, não temos duas categorias distintas na igreja: o clero e os leigos. Todos são sacerdotes e deveriam funcionar como tal. A Palavra de Deus distingue posições de governo dentro da Igreja Local, mas não limita o sacerdócio a uns poucos cristãos. Todo crente deve funcionar em seu lugar no Corpo de Cristo, e todos têm a responsabilidade de ministrar ao Senhor, bem como aos homens, em nome d’Ele. Esta visão tem sido resgatada desde a Reforma Protestante e ainda amadurece em nossos dias, e somos gratos a Deus por isso.
Contudo, no esforço de resgatar esta verdade, acabamos exagerando na dose. Falamos muito sobre o homem ser o sacerdote de seu lar e, na verdade, o que estamos fazendo é confundir o governo com o sacerdócio.
“Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo.” (1 Coríntios 11.3)
A ordem de sujeição é clara na Bíblia: Deus é o cabeça de Cristo, Cristo é o cabeça do homem e o homem é o cabeça da (sua, não da dos outros) mulher. Este texto fala de governo e sujeição. Porém, por alguma razão, passamos a tratar como se falasse de sacerdócio, ensinando algo mais ou menos assim: Se Cristo, por ser cabeça do homem é seu sacerdote, logo o homem, por ser cabeça de sua mulher é sacerdote dela.
Se as coisas fossem exatamente assim, então a mulher não exerce sacerdócio sobre ninguém e Cristo não é sacerdote dela, só de seu marido! Em seu livro, “Casamento & Família”, publicado em português pela Graça Editorial, o Dr. Frederick Price fala acerca disso:
“Eu percebo que esta possa ser uma revelação ou uma ideia revolucionária para você, mas o marido não é o cabeça espiritual da esposa. Muitas pessoas falam do marido como sendo o sumo sacerdote da família, o sacerdote da casa e assim por diante. Mas o marido não é o sacerdote da casa! Toda pessoa nascida de novo é sacerdote e rei, independentemente do sexo, raça ou classe (1 Pe 2.5,9; Ap 1.6). O único cabeça espiritual em qualquer lar é Jesus. Jesus é o cabeça. Ele é o único Sumo Sacerdote. Nós somos em conjunto reis e sacerdotes porque somos o Corpo de Cristo. De outra forma, você estaria dizendo que Jesus é o sacerdote do homem, mas o homem é sacerdote da mulher! E isso coloca um ser humano entre as mulheres e Jesus, exatamente como no Velho Testamento, quando um sacerdote tinha que interceder entre os israelitas e Deus… Jesus é o Sumo Sacerdote de cada pessoa nascida de novo. Homem nenhum pode usurpar a autoridade do Sacerdote de todos os tempos. Se os homens não precisam de um sacerdote humano sobre eles, tampouco precisam as mulheres!” (Capítulo 6, páginas 71 e 72).
Portanto, cremos que tanto o marido como a esposa (e também os filhos) são todos sacerdotes que devem ministrar perante Deus e em favor uns dos outros. A única questão em que o homem se destaca é no governo do lar que lhe foi confiado. O fato de só o marido ser o cabeça do lar não significa que só ele seja sacerdote!
O GOVERNO ESPIRITUAL DO LAR
Antes de governar na igreja, o homem tem que governar em sua própria casa:
“É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher… e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como governará a Igreja de Deus?)” (1 Timóteo 3.2a,4-5)
Não é porque vai governar a igreja que o bispo tem que ter um bom lar, mas justamente o contrário. O homem tem que ser o pastor do seu próprio lar; isto é requisito não só para quem ingressa no ministério de tempo integral, mas é um exemplo de vida cristã. E se a pessoa não cumpre um requisito básico da vida cristã, então não tem autoridade para ser um ministro à frente da Igreja.
Portanto, o mandamento de governar bem o lar – incluindo a vida espiritual – é para todo cristão. E isto envolve uma excelente conduta familiar, que depois será cobrada do líder como exemplo para o restante do rebanho:
“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados.” (Tito 1.5,6)
O homem, além de ser fiel à sua esposa, deve conduzir seus filhos no caminho do Senhor e numa vida de santidade, o que exigirá dele não só conselhos casuais, mas todo um acompanhamento, investimento e ministração na vida espiritual de seus familiares. O posicionamento de um homem de Deus sempre deve envolver sua casa. Este foi o exemplo dado por Josué:
“Mas se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais, se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Josué 24.15)
O texto acima reflete a responsabilidade de Josué de não apenas buscar ao Senhor, mas servi-lo com toda a sua família. Quando se trata de família, não existe a história de “cada um por si”. Embora a responsabilidade de cada um diante de Deus seja individual, precisamos aprender a lutar por nossos familiares, especialmente aqueles que possuem a incumbência de governar o lar.
O plano de Deus não é apenas para o homem sozinho, mas para toda a sua família. Quando o Senhor decidiu julgar e destruir a humanidade nos dias de Noé, não proveu salvação para ele sozinho, mas para toda a sua família (Gn 6.18). Vemos também que Deus prometeu a Abraão que nele seriam abençoadas todas as famílias da Terra (Gn 12.3). Ao tirar Ló de Sodoma, o anjo do Senhor fez com que ele saísse com toda a família (Gn 19.12). No Novo Testamento encontramos um anjo visitando Cornélio e dizendo que deveria chamar a Pedro, “o qual te dirá palavras mediante as quais será salvo, tu e toda a tua casa”. (At 11.14). E além de todas estas porções bíblicas, encontramos a clássica declaração do apóstolo Paulo ao carcereiro de Filipos:
“Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e toda a tua casa.” (Atos 16.31)
Deus tem um plano para toda a família. Não quer dizer que porque um se converteu, todos irão automaticamente converter-se por causa deste texto. Não creio que ele seja uma promessa a todo crente, e sim que revele uma intenção de Deus quanto às famílias de uma forma geral. Vale lembrar que Paulo declarou isto ao carcereiro num momento em que este homem ia se matar. Paulo não podia vê-lo, pois além de estar dentro de sua cela, a Bíblia diz que eles estavam no escuro. O apóstolo Paulo teve uma revelação do Espírito Santo para uma pessoa específica, num momento específico.
Não podemos dizer: “Ei, Deus! Você prometeu que se eu cresse iria salvar todo mundo lá em casa!”. Mas podemos muito bem orar pelos nossos familiares crendo que há um plano divino para toda a família.
Porém, ainda assim, cada familiar nosso tem o direito de escolha; e se dirão sim ou não a Jesus Cristo, é uma responsabilidade pessoal de cada um deles. Mas devemos fazer de tudo para convencê-los, ensiná-los, cobri-los de oração intercessória e tudo o mais que for possível.
No caso deste carcereiro filipense, o Senhor mostrou-lhe de antemão toda a família salva. Mas para cada um de nós, mesmo se não diga de antemão o que irá acontecer, Deus já revelou seu plano (em sua Palavra) para toda a família. E o cabeça do lar tem uma grande responsabilidade de afetar o destino dos seus entes queridos.
Por Luciano P. Subirá: responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.
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