É um pagamento que parecia ter passado da hora. Afinal, Di Grassi foi o primeiro piloto a se juntar aos quadros da F-E, ainda em 2012, quase dois anos antes dos bólidos elétricos sequer existirem, que dirá competirem na pista. Lucas gosta de destacar o quanto acreditou na categoria e como sempre achou que mais do que ter futuro, a F-E era o futuro. De fato, ninguém entre os pilotos é tão entusiasmado na categoria.
Pareceu justo quando a primeira vitória da história da F-E caiu no colo de Di Grassi após Nicolas Prost abalroar Nick Heidfeld. Mas o título? O do ano 1 até teve o piloto da Audi ABT na disputa, mas nunca pareceu realmente que Nelsinho Piquet e Buemi abririam mão. Na segunda temporada, Di Grassi era 'outsider', um azarão, e chegou com boas chances. Aquela batida na corrida final, em Londres, podia ter tido um reflexo pior no respeito dele com o grid, mas não aconteceu.
Berlim abriu a segunda metade do campeonato com as três rodadas duplas que fechariam o ano. Buemi foi desclassificado numa e venceu a outra no traçado do aeroporto; Di Grassi foi segundo numa e terceiro na outra. Tinha Nova York, o brasileiro, para dizimar a diferença de 37 pontos. O sonho era marcar ao menos 50 pontos, vencer as duas corridas, abrir fogo. Não fez. Enquanto o suíço estava no WEC na Alemanha, Di Grassi foi quarto e quinto, somou 22 pontos e ainda saiu dez tentos atrás.
Jogo encerrado. Ou não.
Com a vantagem e depois do rival desperdiçar a chance escancarada de tomar a ponta, Buemi precisava apenas desferir o golpe final. E aí uma batida, uma punição e, mais tarde, uma desclassificação enquanto Di Grassi cravava pole-position com instinto vencedor e um carro perfeitamente acertado. Eis que, quando tudo parecia tão inglório, a desvantagem virara uma ponta enorme. 18 pontos antes do embate derradeiro.
Tudo trouxe até este dia, domingo, 30 de julho. Coube a Di Grassi jogar com as armas que tinha. Deu certo, como um dia teria que dar.
Se era pela falta de títulos que alguém não considerava Lucas Di Grassi um dos grandes pilotos de sua geração, agora isso não é mais um problema. Ele é campeão da F-E.
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