segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Violação da soberania brasileira pelos EUA é 'inaceitável', diz governo

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou nesta segunda-feira (2) que, se comprovadas, as denúncias de espionagem contra a presidente Dilma Rousseff exibidas no Fantástico deste domingo (2) são "inadmissíveis" e "inaceitáveis". Figueiredo deu entrevista coletiva ao lado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e os dois falaram em nome do governo brasileiro. “Do nosso ponto vista, isso representa uma violação inadmissível e inaceitável da soberania brasileira”, afirmou o chanceler durante entrevista no Palácio do Itamaraty. “Esse tipo de prática é incompatível com a confiança necessária a uma pareceria estratégica entre os dois países”. Figueiredo não informou se a visita de chefe de Estado que Dilma fará aos Estados Unidos em outubro está mantida. Ele se recusou a responder perguntas sobre esse assunto alegando que o tema da entrevista era outro. Cronologia Snowden (Foto: Arte/G1) Cronologia Snowden (Foto: Arte/G1) Na reunião que teve com embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, na manhã desta segunda-feira no Itamaraty, Figueiredo disse que falou sobre a “indignação” do governo brasileiro “com os fatos constantes nos documentos revelados, ou seja, a violação das comunicações da senhora presidenta da República”. O ministro cobrou do embaixador “prontas explicações formais por escrito sobre os fatos revelados na reportagem”. O governo brasileiro espera uma reposta ainda esta semana, de acordo com o ministro. “Ele [Shannon] entendeu o que foi dito, que foi dito em termos claros”, disse o chanceler. “As coisas quando têm que ser ditas de forma clara, são ditas de forma muito clara. Ele tomou nota de tudo que eu disse. Hoje é feriado nos EUA, mas ele se comprometeu a entrar em contato com a Casa Branca ainda hoje para narrar nossa conversa”, afirmou o ministro. Questionado pela imprensa sobre que medidas concretas o governo brasileiro estuda adotar contra os Estados Unidos, o chanceler disse: “o tipo de reação [do governo brasileiro] vai depender do tipo de resposta que for dada, por isso precisamos de uma reposta formal por escrito e, a partir daí, vamos ver qual será o tipo de reação que teremos”. O ministro afirmou ainda que o Brasil levará o assunto a foros internacionais e que conversará com países parceiros, como os integrantes dos Brics (Índia, China, Rússia e África do Sul) “para avaliar como eles se protegem desse tipo de situação, quais são as ações conjuntas que podem ser tomadas de modo a lidar com um tema grave como esse”. O Brasil, segundo o chanceler, defende a elaboração de uma governança internacional que proíba a exposição dos cidadãos e dos governos. O ministro da Justiça disse que já havia comunicado ao governo norte-americano que o Brasil levaria a questão a foros internacionais. “Essa situação se coloca ao Brasil e a outros países do mundo”, afirmou. “Diante da impossibilidade que tínhamos que buscar um equacionamento bilateral, nós procuraremos os foros internacionais”, disse Cardozo. Denúncia Documentos classificados como ultrassecretos, que fazem parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, obtidos com exclusividade pelo Fantástico, mostram a presidente Dilma Rousseff, e o que seriam seus principais assessores, como alvo direto de espionagem da NSA. Um código indica isso. O jornalista Glenn Greenwald, coautor da reportagem, foi quem recebeu os papéis das mãos de Edward Snowden - o ex-analista da NSA que deixou os EUA com documentos da agência com a intenção de divulgar o sistema de espionagem americano no mundo. Glenn afirmou que recebeu o documento na primeira semana de junho, quando esteve com Snowden em Hong Kong. “Ele me deu esses documentos com todos os outros documentos no pacote original.” O pacote tinha milhares de documento secretos. Glenn analisou esses papéis com Snowden durante uma semana em Hong Kong. Pouco depois, Snowden fugiu para a Rússia, onde passou 38 dias na área de trânsito do aeroporto de Moscou, até ter seu pedido de asilo aceito no país. Durante a produção, a reportagem conversou com Snowden por um programa de bate-papo protegido contra espionagem. Escondido em algum ponto do território russo, ele disse que por exigência do governo local não pode comentar o conteúdo dos papéis, mas disse que acompanha a repercussão que os documentos estão tendo pelo mundo, inclusive no Brasil. “Ficou muito claro, com esses documentos, que a espionagem já foi feita, porque eles não estão discutindo isso só como alguma coisa que eles estão planejando. Eles estão festejando o sucesso da espionagem”, afirmou Glenn. Os documentos mostram que foi feita espionagem de comunicações da presidente Dilma com seus principais assessores. Também é espionada a comunicação dos assessores entre eles e com terceiros. A apresentação secreta se chama "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil." Segundo a apresentação, o programa possibilita encontrar, sempre que quiser, uma "agulha no palheiro." O palheiro, no caso, é o volume imenso de dados a que a espionagem americana tem acesso todos os dias, espionando as redes de telefonia, internet, servidores de e-mail e redes sociais. A agulha é quem eles escolherem. No documento, de junho de 2012, são dois alvos: o presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato líder nas pesquisas para a presidência, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Violação da soberania brasileira pelos EUA é 'inaceitável', diz governo

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou nesta segunda-feira (2) que, se comprovadas, as denúncias de espionagem contra a presidente Dilma Rousseff exibidas no Fantástico deste domingo (2) são "inadmissíveis" e "inaceitáveis". Figueiredo deu entrevista coletiva ao lado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e os dois falaram em nome do governo brasileiro. “Do nosso ponto vista, isso representa uma violação inadmissível e inaceitável da soberania brasileira”, afirmou o chanceler durante entrevista no Palácio do Itamaraty. “Esse tipo de prática é incompatível com a confiança necessária a uma pareceria estratégica entre os dois países”. Figueiredo não informou se a visita de chefe de Estado que Dilma fará aos Estados Unidos em outubro está mantida. Ele se recusou a responder perguntas sobre esse assunto alegando que o tema da entrevista era outro. Cronologia Snowden (Foto: Arte/G1) Cronologia Snowden (Foto: Arte/G1) Na reunião que teve com embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, na manhã desta segunda-feira no Itamaraty, Figueiredo disse que falou sobre a “indignação” do governo brasileiro “com os fatos constantes nos documentos revelados, ou seja, a violação das comunicações da senhora presidenta da República”. O ministro cobrou do embaixador “prontas explicações formais por escrito sobre os fatos revelados na reportagem”. O governo brasileiro espera uma reposta ainda esta semana, de acordo com o ministro. “Ele [Shannon] entendeu o que foi dito, que foi dito em termos claros”, disse o chanceler. “As coisas quando têm que ser ditas de forma clara, são ditas de forma muito clara. Ele tomou nota de tudo que eu disse. Hoje é feriado nos EUA, mas ele se comprometeu a entrar em contato com a Casa Branca ainda hoje para narrar nossa conversa”, afirmou o ministro. Questionado pela imprensa sobre que medidas concretas o governo brasileiro estuda adotar contra os Estados Unidos, o chanceler disse: “o tipo de reação [do governo brasileiro] vai depender do tipo de resposta que for dada, por isso precisamos de uma reposta formal por escrito e, a partir daí, vamos ver qual será o tipo de reação que teremos”. O ministro afirmou ainda que o Brasil levará o assunto a foros internacionais e que conversará com países parceiros, como os integrantes dos Brics (Índia, China, Rússia e África do Sul) “para avaliar como eles se protegem desse tipo de situação, quais são as ações conjuntas que podem ser tomadas de modo a lidar com um tema grave como esse”. O Brasil, segundo o chanceler, defende a elaboração de uma governança internacional que proíba a exposição dos cidadãos e dos governos. O ministro da Justiça disse que já havia comunicado ao governo norte-americano que o Brasil levaria a questão a foros internacionais. “Essa situação se coloca ao Brasil e a outros países do mundo”, afirmou. “Diante da impossibilidade que tínhamos que buscar um equacionamento bilateral, nós procuraremos os foros internacionais”, disse Cardozo. Denúncia Documentos classificados como ultrassecretos, que fazem parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, obtidos com exclusividade pelo Fantástico, mostram a presidente Dilma Rousseff, e o que seriam seus principais assessores, como alvo direto de espionagem da NSA. Um código indica isso. O jornalista Glenn Greenwald, coautor da reportagem, foi quem recebeu os papéis das mãos de Edward Snowden - o ex-analista da NSA que deixou os EUA com documentos da agência com a intenção de divulgar o sistema de espionagem americano no mundo. Glenn afirmou que recebeu o documento na primeira semana de junho, quando esteve com Snowden em Hong Kong. “Ele me deu esses documentos com todos os outros documentos no pacote original.” O pacote tinha milhares de documento secretos. Glenn analisou esses papéis com Snowden durante uma semana em Hong Kong. Pouco depois, Snowden fugiu para a Rússia, onde passou 38 dias na área de trânsito do aeroporto de Moscou, até ter seu pedido de asilo aceito no país. Durante a produção, a reportagem conversou com Snowden por um programa de bate-papo protegido contra espionagem. Escondido em algum ponto do território russo, ele disse que por exigência do governo local não pode comentar o conteúdo dos papéis, mas disse que acompanha a repercussão que os documentos estão tendo pelo mundo, inclusive no Brasil. “Ficou muito claro, com esses documentos, que a espionagem já foi feita, porque eles não estão discutindo isso só como alguma coisa que eles estão planejando. Eles estão festejando o sucesso da espionagem”, afirmou Glenn. Os documentos mostram que foi feita espionagem de comunicações da presidente Dilma com seus principais assessores. Também é espionada a comunicação dos assessores entre eles e com terceiros. A apresentação secreta se chama "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil." Segundo a apresentação, o programa possibilita encontrar, sempre que quiser, uma "agulha no palheiro." O palheiro, no caso, é o volume imenso de dados a que a espionagem americana tem acesso todos os dias, espionando as redes de telefonia, internet, servidores de e-mail e redes sociais. A agulha é quem eles escolherem. No documento, de junho de 2012, são dois alvos: o presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato líder nas pesquisas para a presidência, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

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