sexta-feira, 24 de maio de 2013
Fiéis progressistas, com postura questionadora e favorável ao diálogo com gays, enfrentam discriminação no meio evangélico
Dentro da quase unanimidade do meio evangélico, existem grupos de apresentam discursos dissonantes da maioria, e são identificados como evangélicos progressistas.
Esses cristãos de pensamento e comportamento questionador, geralmente se apresentam como contrários a uma máxima do meio: a submissão incondicional ao pastor.
De acordo com reportagem do portal IG, os evangélicos progressistas enfrentam preconceitos no meio, e também fora, por fazerem parte da comunidade e estarem todos enquadrados no mesmo grupo aos olhos de quem vê o meio evangélico de fora.
“Infelizmente, a sociedade vê o evangélico como conservador, limitado intelectualmente e manipulável. Mas esta não é uma imagem totalmente verdadeira”, observa Elias Aredes Junior, evangélico e comentarista esportivo.
O cientista social Patrick Timmer é secretário-geral na Aliança Bíblica Universitária do Brasil, em São Paulo, e evangélico praticante. Patrick se considera progressista e afirma que essa definição é bastante ampla: “O termo progressista pode significar muita coisa. Para mim, é não ter uma relação de submissão incondicional com a figura do pastor ou do líder religioso”, enfatiza.
Segundo Patrick, o princípio usado pelos cristãos de Bereia, de ouvir as pregações e “passar pelo crivo das escrituras para ganhar uma interpretação coerente” deve ser valorizado no meio evangélico: “É preciso analisar o contexto, procurar literaturas de apoio, conversar com outras pessoas. O diálogo e o debate sempre ajudam na construção de uma democracia saudável”, opina. “Certas leituras podem levar a uma interpretação equivocada de superioridade de gênero. Mas a submissão para justificar a violência não tem base bíblica”.
Entre os progressistas, há a preocupação que a polarização social de “evangélicos x gays” resuma os dois lados a protagonistas de uma briga interminável. A violência contra homossexuais não é defendida em nenhum dos segmentos evangélicos, porém, os progressistas acreditam que a abordagem dos lideres cristãos deve ser diferente.
“Posso não concordar com a conduta gay, mas o Estado tem a obrigação de assegurar-lhes todos os direitos, inclusive o de manifestação”, diz Elias Aredes Junior. A opinião é compartilhada por Morgana Boostel, missionária da Comunidade Anglicana Neemias: “É inadmissível qualquer tipo de violência contra homossexuais. Isso inclui o preconceito, pois incita a violência”, afirma.
Morgana é também secretária-executiva da Rede Fale, organização que reúne denominações cristãs e que recentemente se posicionou contra o pastor Marco Feliciano na polêmica envolvendo a Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
“Estado laico não é a ausência de elementos de fé, mas a possibilidade de expressá-la da forma que cada um considere importante”, entende Morgana.
O cenário social brasileiro, formado por pessoas de diversas etnias e origens, é algo ainda incompreendido pela maioria das igrejas evangélicas, segundo Elias Aredes Junior: “Muitas vezes, a igreja não consegue lidar com este cenário multifacetado. E isso não é bom porque não contempla a diversidade. Quem não estiver dentro de um modelo preestabelecido fica de fora”, detecta, antes de frisar que há exceções: “O pastor da igreja que frequento é aberto ao diálogo e respeita o que eu penso. Uma nobre e gratíssima exceção neste cinturão ditatorial existente na comunidade evangélica brasileira”.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Fiéis progressistas, com postura questionadora e favorável ao diálogo com gays, enfrentam discriminação no meio evangélico
Dentro da quase unanimidade do meio evangélico, existem grupos de apresentam discursos dissonantes da maioria, e são identificados como evangélicos progressistas.
Esses cristãos de pensamento e comportamento questionador, geralmente se apresentam como contrários a uma máxima do meio: a submissão incondicional ao pastor.
De acordo com reportagem do portal IG, os evangélicos progressistas enfrentam preconceitos no meio, e também fora, por fazerem parte da comunidade e estarem todos enquadrados no mesmo grupo aos olhos de quem vê o meio evangélico de fora.
“Infelizmente, a sociedade vê o evangélico como conservador, limitado intelectualmente e manipulável. Mas esta não é uma imagem totalmente verdadeira”, observa Elias Aredes Junior, evangélico e comentarista esportivo.
O cientista social Patrick Timmer é secretário-geral na Aliança Bíblica Universitária do Brasil, em São Paulo, e evangélico praticante. Patrick se considera progressista e afirma que essa definição é bastante ampla: “O termo progressista pode significar muita coisa. Para mim, é não ter uma relação de submissão incondicional com a figura do pastor ou do líder religioso”, enfatiza.
Segundo Patrick, o princípio usado pelos cristãos de Bereia, de ouvir as pregações e “passar pelo crivo das escrituras para ganhar uma interpretação coerente” deve ser valorizado no meio evangélico: “É preciso analisar o contexto, procurar literaturas de apoio, conversar com outras pessoas. O diálogo e o debate sempre ajudam na construção de uma democracia saudável”, opina. “Certas leituras podem levar a uma interpretação equivocada de superioridade de gênero. Mas a submissão para justificar a violência não tem base bíblica”.
Entre os progressistas, há a preocupação que a polarização social de “evangélicos x gays” resuma os dois lados a protagonistas de uma briga interminável. A violência contra homossexuais não é defendida em nenhum dos segmentos evangélicos, porém, os progressistas acreditam que a abordagem dos lideres cristãos deve ser diferente.
“Posso não concordar com a conduta gay, mas o Estado tem a obrigação de assegurar-lhes todos os direitos, inclusive o de manifestação”, diz Elias Aredes Junior. A opinião é compartilhada por Morgana Boostel, missionária da Comunidade Anglicana Neemias: “É inadmissível qualquer tipo de violência contra homossexuais. Isso inclui o preconceito, pois incita a violência”, afirma.
Morgana é também secretária-executiva da Rede Fale, organização que reúne denominações cristãs e que recentemente se posicionou contra o pastor Marco Feliciano na polêmica envolvendo a Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
“Estado laico não é a ausência de elementos de fé, mas a possibilidade de expressá-la da forma que cada um considere importante”, entende Morgana.
O cenário social brasileiro, formado por pessoas de diversas etnias e origens, é algo ainda incompreendido pela maioria das igrejas evangélicas, segundo Elias Aredes Junior: “Muitas vezes, a igreja não consegue lidar com este cenário multifacetado. E isso não é bom porque não contempla a diversidade. Quem não estiver dentro de um modelo preestabelecido fica de fora”, detecta, antes de frisar que há exceções: “O pastor da igreja que frequento é aberto ao diálogo e respeita o que eu penso. Uma nobre e gratíssima exceção neste cinturão ditatorial existente na comunidade evangélica brasileira”.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário