domingo, 9 de outubro de 2011
Cuidado com os pastores dominadores
O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE AUTORIDADE ESPIRITUAL
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria…”(I Sm 15:23)
Deus nos chama não só para receber a Sua vida através da fé, mas para manter Sua autoridade através da submissão às pessoas que Ele mesmo estabeleceu como liderança sobre nossas vidas: Veja o que diz Romanos 13:1-7:
“Toda a alma esteja sujeita às autoridades; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.”
A igreja é um lugar onde essa obediência deve ser exercitada. Sabemos que todos os dons e ministérios exercidos na igreja são igualmente necessários e importantes no Reino de Deus, no entanto, algumas funções tem o objetivo de liderar, coordenar, orientar, organizar, ir na frente: pastores, diáconos, professores, líderes de ministério, dirigentes de grupo (Ef 4:11-12)… As pessoas que, pela graça, ocupam tais funções, tem autoridade espiritual sobre os demais. Reconhecer esta autoridade é um exercício que nos ajuda a nos submeter à autoridade de Deus.
O pecado de rebelião é muito sério pois, aos olhos de Deus, aqueles que rejeitam seus servos, o rejeitam.
Quando o reino de Israel foi estabelecido, o rei Saul foi ungido por Deus. Davi, mesmo tendo a promessa de que um dia seria o rei de Israel, não antecipou os acontecimentos, antes disse: “O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o seu ungido.” (I Sm. 26:11). Davi sabia que se estendesse as suas mãos contra Saul, estaria se rebelando não contra Saul, mas contra a unção que Deus havia dado a ele. Eis um homem que sabia realmente se posicionar debaixo da autoridade do Senhor…
Todo cristão deve ser sensível em dois pontos: com o pecado e com a autoridade. Onde quer que você vá, pergunte: “- A quem devo obedecer?” Ao tomar consciência da autoridade em sua vida, você será capaz de perceber a autoridade de Deus em toda parte. E lembre-se: rejeitar uma autoridade delegada é afrontar diretamente a Deus.
“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas” (Hb 13:17)
Fim do texto do site.
Fonte: http://www.terceirabatista.org.br
Gostaria agora de colocar a minha opinião e análise ao texto supracitado acima. Tal opinião pode ser considerada como uma Refutação exegética de caráter de“alerta à Igreja”:
Após a leitura deste artigo citado acima, fico assustado e pensando comigo mesmo; aonde esse povo vai parar? Fiquei estupefato com tamanha distorção Bíblica!
Muitos vão me criticar e até dizer que eu estou sendo “rebelde” conforme o artigo citado acima, mas se eu concordar com tudo isso sem ao menos verificar como os crentes de Beréia (At 17:10-15) se realmente este texto está correto com a Bíblia, eu estaria sendo apenas mais um alienado a este sistema herético e manipulador que infelizmente existe atualmente em muitas igrejas, onde os pastores e líderes são colocados como pessoas possuidoras por uma “unção especial” e que não podemos “tocar nos ungidos de Deus”, que jamais devemos questionar ou discordar, se não corremos o sério risco de sermos excomungados pela congregação e ainda taxados de rebeldes e amaldiçoados por Deus. Eles são os “super-crentes”, ninguém mexe, ninguém questiona, ainda mais se for a tal “unção apostólica do povo apostólico” liderado pelos contemporâneos apóstolos e até apóstolas. São os pastores que jamais erram, os “vasos” irrepreensíveis que recebem uma determinada “unção especial” de Deus para conduzir o Corpo de Cristo, para proclamar tomada de territórios, para profetizar sobre o futuro e proferir palavras de “poder” para o povo. O pior de tudo é que os mesmos pregam uma cultura de alienação hierárquica e de domínio pastoral através de uma pregação teológica distorcida e baseada em erros teológicos graves, muitas vezes influenciado por estrangeiros especialistas em “teologia da prosperidade”, dentre outras aberrações, que trazem seus modismos para o nosso país e influenciam muitas igrejas nestes últimos dias.
Eu como pastor sinto vergonha de tudo isso, mas com certeza não serei um alienado e meu papel é abrir os olhos do povo de Deus para esses “abusos pastorais”, pois temos que seguir a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo advertiu à Timóteo sobre o dever do Crente em defender a Palavra de Deus a todo custo:
“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, que não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” 2 Tm 4:2-4
Portanto, peço que você que está lendo este artigo, ore e peça a direção do Espírito Santo para este assunto. Segue abaixo a minha refutação, que a mesma possa servir de alerta para Igreja:
Para iniciar, Romanos 13 não é direcionado a “autoridade eclesiástica”.Fazer tal afirmativa é forçar o texto através de falácias graves: “argumentum ad ignorantiam e Non Sequitur”.
Romanos 13, pelo contexto, é direcionado especificamente as “autoridades governamentais”. Não há evidência nem margem exegética nenhuma para afirmar que “também” é direcionada a “autoridade eclesiástica”. Quem afirmar o contrário está torcendo o texto sem respeitar o contexto, desrespeitando assim as regras de exegese e hermenêutica!
Para se ter uma idéia desta tamanha distorção, Jesus foi bem categórico quando falou sobre este mesmo assunto:
Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povosos dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mt 20:25-28 Grifo meu.
Nesta passagem a Bíblia nos narra quando a mulher de Zebedeu, mãe de Tiago e João veio até Jesus para pedir-lhe que colocasse em seu reino os dois filhos em posição de honra e autoridade ao lado direito e esquerdo de Jesus.(vs 21). Porém Jesus foi categórico com a mulher, como podemos constatar nos versos seguintes.
Será que Paulo, em Romanos estaria se contradizendo com JESUS sobre o tema? Com certeza não, quem se contradiz são aqueles que afirmam que Rm 13 é direcionado também para a autoridade eclesiástica. Aliás, sobre essa suposta “autoridade espiritual” dos pastores sobre os crentes, quero comentar a respeito.
A única autoridade espiritual que existe na igreja perante os crentes é JESUS. A Bíblia diz em Mt 28:18 “Toda autoridade me foi dada no céu e sobre a terra”.
Jesus é o cabeça do corpo de Cristo, nós todos somos os membros. Nenhum membro do corpo pode exercer superioridade através de autoridade espiritual a um outro membro, somente o cabeça (que é Cristo), é que controla todo o corpo. É assim na igreja. Jesus tem autoridade sobre toda a igreja. Todo crente que estiver em Cristo tem a mesma autoridade espiritual que nos é concedida através de Jesus. O véu foi rasgado, todos nós temos acesso. A unção é a mesma, a autoridade é a mesma, o acesso ao Pai é igual para todos! (Veja 1 Co 12).
Portanto, não existe base bíblica neo-testamentária para que um crente tenha autoridade espiritual sobre outro crente. Isso é invenção de líderes dominadores que querem manipular e controlar o rebanho da Igreja de Cristo.
A igreja com certeza é uma instituição organizada que foi estabelecida por Cristo, pois sabemos que existem dons e ministérios necessários para a edificação e organização do Corpo. Sabemos também que algumas funções têm como objetivo de liderar e coordenar a igreja. Se não fosse assim seria uma verdadeira bagunça, todo mundo iria mandar e desmandar e o culto ao nosso Deus com decência e ordem não seria possível. Porém é importante que se diga que nenhum desses dons possui “autoridade espiritual” sobre os demais crentes. Vejamos:
Em 1º lugar:
Alguns desses dons estão citados em Ef 4:11-12. Muitos pastores e líderes manipuladores citam esta passagem e afirmam que existe uma “hierarquia” ministerial na Igreja, dando uma conotação de “poderes especiais” para determinados membros do Corpo de Cristo. Porém, esta passagem jamais pode ser interpretada desta maneira.
Efésios 4:11 não mostra uma corporação de clérigos quando diz, “Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores. . .”
De maneira alguma isso acontece. Efésios 4 tem em vista aqueles dons que equipam a igreja para a diversidade do serviço (vv. 12-16). Os dons enumerados no texto são na realidade pessoas dotadas para capacitar a igreja (vv. 8,11). Estes são os dons que o Espírito Santo reparte a cada individuo como Ele quer (1 Cor. 12:11).
Em outras palavras, Efésios 4 não trata dos dons dados a homens e mulheres como uma estrutura hierárquica. Trata de homens e mulheres providos de dons que são dados à igreja. Apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres são pessoas que o Senhor levantou e outorgou à igreja para sua formação, coordenação e edificação.
Sua tarefa principal é nutrir a comunidade de crentes para que participem responsavelmente de acordo com os princípios divinos. O êxito desta tarefa se fundamenta na habilidade que possuem para capacitar e mobilizar os santos para a obra do ministério. Desta maneira, os dons de Efésios 4 equipam (do grego: katartízo = completar, preparar; e katartismós = capacitação, aperfeiçoamento) o Corpo de Cristo para que este leve a cabo o propósito eterno de Deus.
Estes dons não são ofícios nem posições formais hierárquicas. Tais termos gregos não constam do texto. Trata-se de irmãos com dons “habilitadores” peculiares, dados para cultivar os ministérios de seus irmãos.
Os apóstolos capacitaram a igreja desde seu nascimento, ajudando-a até que pudessem caminhar pelos próprios pés.
Os profetas adestraram a igreja falando a ela a palavra presente do Senhor, confirmando os dons de cada membro, preparando-a para as provas futuras.
Os evangelistas habilitam a igreja servindo como modelo na pregação das boas novas aos perdidos. Os pastores/mestres instruem a igreja cultivando sua vida espiritual por meio da exposição da Escritura.
Alguns crêem que pastores e mestres são dois ministérios separados, enquanto que outros os vêem como dimensões distintas do mesmo ministério. Nesse último conceito, pastorear seria o lado privado deste ministério, enquanto que seria o lado público.
Os ministérios de Efésios 4 (eventualmente chamados como “o quíntuplo ministério”) não equivalem à liderança da igreja. Apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres podem ser anciãos ou não.
Em suma, Efésios 4:11 não contempla coisas como clero assalariado, ministério profissional ou algum tipo de sacerdócio fabricado. Tampouco se refere a uma classe diferente de cristãos ou uma hierarquia eclesiástica. Assim como o catálogo de dons apresentados por Paulo em 1 Coríntios 12:28, Efésios 4 tem em vista funções especiais em vez de posições formais.
Em 2º lugar:
O texto do site citado no início coloca certa ligação entre “autoridade de Rm 13”com Hb 13:17 que nos diz:
“Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros”.
Analisando esta passagem:
Obedecei = deixar-se guiar / submeter-se
Submisso (vocábulo “submeter”) = grego: hupotaso = sujeição voluntária / obediente / respeitoso / sujeito.
Repare agora na diferença etimológica comparando-se à palavra “autoridade”citada em Rm 13:
Autoridade = poder de mandar / domínio / poder público. (dicionário Aurélio).
Termo grego para autoridade: Exousia = deriva da palavra exestin, que significa uma ação possível e legítima que pode ser levada a cabo sem obstáculo.
A autoridade (exousia) relaciona-se com manifestação e comunicação de poder.Mais especificamente, a autoridade é o direito de realizar uma ação particular. A Escritura ensina que Deus é a fonte única de toda autoridade (Rom. 13.1), e esta autoridade foi conferida a Seu Filho (Mat. 28:18; João 3:30-36; 17:2).
Apenas Jesus Cristo tem autoridade. O Senhor Jesus disse claramente, “Todaautoridade me foi dada no céu e sobre a terra”. Ao mesmo tempo, Deus delegou Sua autoridade aos homens e mulheres deste mundo para propósitos específicos.
Por exemplo, na ordem natural, Deus instituiu diversas esferas onde Sua autoridade deve ser exercida (Efésios 5:22-6:18; Col. 3:18-25). Estabeleceu certas “autoridades oficiais” com o propósito da preservação da ordem sob o sol. Aos oficiais governamentais, como reis, magistrados e juízes, foi dada esta autoridade (João 19:10, 11; Rom. 13:1 ss.; 1 Tim. 2:2; 1 Ped. 2:13-14).
A autoridade oficial é autoridade conferida a um oficio estático. Funciona independente das ações da pessoa que a ocupa. A autoridade oficial é autoridade posicional e fixa. Enquanto a pessoa ocupar o cargo, tem autoridade.
Quando alguém exerce as funções de autoridade, o recipiente chega a ser “uma autoridade” por seu próprio direito. É por esta razão que se exorta aos cristãos que se sujeitem aos líderes governamentais – não importando seu caráter (Rom. 13:1ss.; 1 Ped. 2:13-19).
Nosso Senhor Jesus, assim como Paulo, mostraram espírito de sujeição quando compareceram ante a autoridade oficial (Mat. 26:63-64; Atos 23:2-5). De maneira similar, devemos sempre nos sujeitar a esta autoridade. A ausência de lei e o desprezo pela autoridade são sinais de uma natureza pecadora (2 Ped. 2:10; Judas 8). Ao mesmo tempo, a sujeição e a obediência são duas coisas bem diferentes, e é um erro fatal confundi-las.
Sujeição Versus Obediência
Em que difere a sujeição da obediência? A sujeição é uma atitude. A obediência é uma ação. A sujeição é absoluta. A obediência é relativa. A sujeição é incondicional. A obediência é condicional. A sujeição é um assunto interior. A obediência é um assunto exterior.
Deus nos convoca a ter um espírito de humilde sujeição diante daqueles que Ele colocou em autoridade sobre nós na ordem natural. Contudo, não podemos obedecer-los se nos mandam fazer o que viola Sua vontade, porque a autoridade de Deus é maior que qualquer autoridade terrena.
Não obstante, você pode desobedecer enquanto se submete. Pode desobedecer a uma autoridade terrena mantendo um espírito de humilde sujeição. Pode desobedecer e ao mesmo tempo manter uma atitude de respeito e reverencia distinto do espírito de rebelião, injuria e subversão (1 Tim. 2:1-2; 2 Ped. 2:10; Judas 8).
A desobediência das parteiras hebréias (Ex. 1:17), os três jovens hebreus (Dn. 3:17-18), Daniel (Dn. 6:8-10), e os apóstolos (Atos 4:18-20; 5:27-29) exemplificam o principio de estar sujeito a uma autoridade oficial ao mesmo tempo em que desobedece quando esta se choca com a vontade de Deus.
Se Deus estabelece autoridade oficial para operar na ordem natural, ele não instituiu este tipo de autoridade na igreja. É por essa razão que os líderes eclesiásticos silenciam diante dos argumentos de Paulo na esfera da autoridade em Efésios 5-6 e Colossenses 3.
Deus dá autoridade (exousia) aos crentes para exercer certos direitos. Entre eles está a autoridade (exousia) de serem feitos filhos de Deus (João 1:12), possuir propriedades (Atos 5:4), decidir casar-se ou não (1 Cor. 7:37), decidir o que comer ou beber (1 Cor. 8:9), curar enfermidades (Mar. 3:15), expulsar demônios (Mat. 10:1; Mar. 6:7; Luc. 9:1; 10:19), edificar a igreja (2 Cor. 10:8; 13:10), receber bênçãos especiais associadas a certos ministérios (1 Cor. 9:4-18; 2 Tes. 3:8-9), ter autoridade sobre as nações e comer da árvore da vida no reino futuro (Ap. 2:26; 22:14).
Mas em nenhuma parte a Bíblia ensina que Deus deu autoridade (exousia) aos crentes sobre outros crentes!
Recordemos a palavra de nosso Senhor em Mateus 20:25-26 e Lucas 22:25-26 onde condena as formas de autoridade tipo exousia entre seus seguidores. Este fato deve ser motivo para uma séria reflexão.
Portanto, sugerir que os líderes na igreja devem exercer o mesmo tipo de autoridade que os dignitários representa logicamente um salto e uma excessiva generalização. Uma vez mais, o NT nunca vincula a exousia aos líderes da igreja, nem estabelece que alguns crentes tenham exousia sobre outros crentes.
Sem dúvida, o AT descreve os profetas, sacerdotes, reis e juízes, como autoridades oficiais. Isto se deve ao fato destes “ofícios” serem sombras da autoridade ministerial do próprio Jesus Cristo. Cristo é o verdadeiro Profeta, Sacerdote, Rei e Juiz. Mas no NT nunca encontramos qualquer passagem que descreva ou represente algum líder enquanto autoridade oficial. Isto inclui os guardiões locais, assim como aos obreiros de fora.
Para ser franco, a noção de que os cristãos têm autoridade sobre outros cristãos é um exemplo de exegese forçada e, como tal, é biblicamente insustentável. Quando os líderes da igreja exercem o mesmo tipo de autoridade que desempenham os oficiais governamentais, tornam-se usurpadores!
Certamente, a autoridade funciona na igreja, mas esta autoridade que funciona na ekklesia é notavelmente diferente da que se exerce na ordem natural. Isto faz sentido na medida em que a igreja não é uma organização humana, mas um organismo espiritual. A autoridade que opera na igreja não é oficial. É orgânica!
Em 3º Lugar:
Muitos pastores e líderes, sempre quando alguém nota algo errado e tenta questiona-los e exortá-los, os mesmos respondem em um tom de repressão, citando a famosa frase “não toqueis nos meus ungidos”.
Quero agora desmistificar esta passagem com uma refutação bem simples.
A expressão “ungido do Senhor” é bíblica e ocorre exatas oito vezes no texto hebraico do Antigo Testamento. Seis destas oito menções fazem referência ao rei Saul. Uma faz referência ao Rei Davi e uma diz respeito ao Ungido do Senhor como aguardado pelo profeta Jeremias. As menções aos reis Saul e Davi, deixam bem claro que os ungidos do Senhor não eram homens imunes nem a erros, nem a críticas e muito menos à disciplina por parte do Senhor. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão “ungido do Senhor” no final deste artigo.
A expressão “teu ungido” é também bíblica e ocorre seis vezes no texto hebraico do Antigo Testamento. Destas seis, uma diz respeito ao rei Davi e todas as outras ao Ungido como esperado pelo povo de Israel. Novamente a referência ao rei Davi é um claro indicativo que o “ungido do Senhor” era alguém passível de cometer erros, de sofrer críticas e, no caso específico de Davi, de sofrer graves conseqüências por pecados cometidos. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão “teu ungido” no final deste artigo.
A expressão “meu ungido”, da mesma forma que as duas anteriores, é bíblica e ocorre duas vezes no texto hebraico do antigo testamento. As duas referências dizem respeito ao Messias ou Ungido como esperado pelo povo de Israel. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão “meu ungido” no final deste artigo.
Por sua vez, a expressão “seu ungido”, ocorre onze vezes no texto hebraico do Antigo Testamento e uma única vez no texto grego do Novo Testamento. Estas onze referências estão assim distribuídas:
* 5 vezes fazem referência ao Ungido como o esperado Messias de Israel.
* 3 vezes fazem menção a Saul.
* 1 vez diz respeito à Eliabe, irmão de Davi.
* 2 vezes a citação é referente ao rei Davi.
* 1 vez ao imperador dos Medos, Ciro.
Desta maneira fica fácil notar que quando não se refere ao Ungido que representa o Senhor Jesus, os textos falam de homens que foram tão pecadores como qualquer um de nós. A unção para ser rei sobre o povo de Israel, conferida a Saul e a Davi, não era nenhuma garantia de que aqueles homens estavam imunes do poder do pecado, ou que não poderiam ser criticados e que estariam completamente isentos da disciplina de Deus. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão “seu ungido” no final deste artigo.
Por fim restam as duas referências que trazem de forma explícita a expressão “não toqueis nos meus ungidos”. Estas referências são:
1 Crônicas 16:22 dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.
Salmos 105:15 dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.
Antes de analisarmos estes versículos é necessário dizer que os mesmos são idênticos e isto por um bom motivo. O verso de 1 Crônicas é parte de uma compilação de Salmos que se estende do verso 7 até o verso 36 do capítulo 16 de 1 Crônicas. Esta compilação contém partes dos salmos 96, 105 e 106.
Conforme dissemos, os dois versículos são idênticos, portanto, a interpretação de um servirá como interpretação para o outro também. A questão mais importante para nós, neste momento, é definir acerca de quem o salmista está falando? Quem são os ungidos do Senhor? O contexto deixa isto bem claro, e por ele nós podemos ter certeza absoluta quem são as pessoas a quem o Senhor se refere como sendo os “ungidos do Senhor” e de “meus profetas”. Salmos 105:8 – 15 diz o seguinte:
“Lembra-se perpetuamente da sua aliança, da palavra que empenhou para mil gerações; a aliança que fez com Abraão e do juramento que fez a Isaque; o qual confirmou a Jacó por decreto e a Israel por aliança perpétua, dizendo: Dar-te-ei a terra de Canaã como quinhão da vossa herança. Então, eram eles em pequeno número, pouquíssimos e forasteiros nela; andavam de nação em nação, de um reino para outro reino. A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.”
O texto é absolutamente cristalino. Aqueles que são chamados de “ungidos do Senhor” e de “meus profetas” são os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. São os Israelitas. Todos e cada um deles. Ninguém que pertença verdadeiramente ao povo de Israel é deixado de fora.
Portanto, como dissemos, o mito de que os pastores constituem-se em os “ungidos do Senhor”, como uma casta distinta e superior a todos os crentes, não passa realmente de uma invencionice perversa cujo único propósito é munir homens perversos com mecanismos que os possibilitem abusar de suas ovelhas. Precisamos retornar, de maneira urgente, ao padrão bíblico do pastor-servo à imitação do próprio Senhor Jesus.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
domingo, 9 de outubro de 2011
Cuidado com os pastores dominadores
O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE AUTORIDADE ESPIRITUAL
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria…”(I Sm 15:23)
Deus nos chama não só para receber a Sua vida através da fé, mas para manter Sua autoridade através da submissão às pessoas que Ele mesmo estabeleceu como liderança sobre nossas vidas: Veja o que diz Romanos 13:1-7:
“Toda a alma esteja sujeita às autoridades; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.”
A igreja é um lugar onde essa obediência deve ser exercitada. Sabemos que todos os dons e ministérios exercidos na igreja são igualmente necessários e importantes no Reino de Deus, no entanto, algumas funções tem o objetivo de liderar, coordenar, orientar, organizar, ir na frente: pastores, diáconos, professores, líderes de ministério, dirigentes de grupo (Ef 4:11-12)… As pessoas que, pela graça, ocupam tais funções, tem autoridade espiritual sobre os demais. Reconhecer esta autoridade é um exercício que nos ajuda a nos submeter à autoridade de Deus.
O pecado de rebelião é muito sério pois, aos olhos de Deus, aqueles que rejeitam seus servos, o rejeitam.
Quando o reino de Israel foi estabelecido, o rei Saul foi ungido por Deus. Davi, mesmo tendo a promessa de que um dia seria o rei de Israel, não antecipou os acontecimentos, antes disse: “O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o seu ungido.” (I Sm. 26:11). Davi sabia que se estendesse as suas mãos contra Saul, estaria se rebelando não contra Saul, mas contra a unção que Deus havia dado a ele. Eis um homem que sabia realmente se posicionar debaixo da autoridade do Senhor…
Todo cristão deve ser sensível em dois pontos: com o pecado e com a autoridade. Onde quer que você vá, pergunte: “- A quem devo obedecer?” Ao tomar consciência da autoridade em sua vida, você será capaz de perceber a autoridade de Deus em toda parte. E lembre-se: rejeitar uma autoridade delegada é afrontar diretamente a Deus.
“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas” (Hb 13:17)
Fim do texto do site.
Fonte: http://www.terceirabatista.org.br
Gostaria agora de colocar a minha opinião e análise ao texto supracitado acima. Tal opinião pode ser considerada como uma Refutação exegética de caráter de“alerta à Igreja”:
Após a leitura deste artigo citado acima, fico assustado e pensando comigo mesmo; aonde esse povo vai parar? Fiquei estupefato com tamanha distorção Bíblica!
Muitos vão me criticar e até dizer que eu estou sendo “rebelde” conforme o artigo citado acima, mas se eu concordar com tudo isso sem ao menos verificar como os crentes de Beréia (At 17:10-15) se realmente este texto está correto com a Bíblia, eu estaria sendo apenas mais um alienado a este sistema herético e manipulador que infelizmente existe atualmente em muitas igrejas, onde os pastores e líderes são colocados como pessoas possuidoras por uma “unção especial” e que não podemos “tocar nos ungidos de Deus”, que jamais devemos questionar ou discordar, se não corremos o sério risco de sermos excomungados pela congregação e ainda taxados de rebeldes e amaldiçoados por Deus. Eles são os “super-crentes”, ninguém mexe, ninguém questiona, ainda mais se for a tal “unção apostólica do povo apostólico” liderado pelos contemporâneos apóstolos e até apóstolas. São os pastores que jamais erram, os “vasos” irrepreensíveis que recebem uma determinada “unção especial” de Deus para conduzir o Corpo de Cristo, para proclamar tomada de territórios, para profetizar sobre o futuro e proferir palavras de “poder” para o povo. O pior de tudo é que os mesmos pregam uma cultura de alienação hierárquica e de domínio pastoral através de uma pregação teológica distorcida e baseada em erros teológicos graves, muitas vezes influenciado por estrangeiros especialistas em “teologia da prosperidade”, dentre outras aberrações, que trazem seus modismos para o nosso país e influenciam muitas igrejas nestes últimos dias.
Eu como pastor sinto vergonha de tudo isso, mas com certeza não serei um alienado e meu papel é abrir os olhos do povo de Deus para esses “abusos pastorais”, pois temos que seguir a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo advertiu à Timóteo sobre o dever do Crente em defender a Palavra de Deus a todo custo:
“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, que não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” 2 Tm 4:2-4
Portanto, peço que você que está lendo este artigo, ore e peça a direção do Espírito Santo para este assunto. Segue abaixo a minha refutação, que a mesma possa servir de alerta para Igreja:
Para iniciar, Romanos 13 não é direcionado a “autoridade eclesiástica”.Fazer tal afirmativa é forçar o texto através de falácias graves: “argumentum ad ignorantiam e Non Sequitur”.
Romanos 13, pelo contexto, é direcionado especificamente as “autoridades governamentais”. Não há evidência nem margem exegética nenhuma para afirmar que “também” é direcionada a “autoridade eclesiástica”. Quem afirmar o contrário está torcendo o texto sem respeitar o contexto, desrespeitando assim as regras de exegese e hermenêutica!
Para se ter uma idéia desta tamanha distorção, Jesus foi bem categórico quando falou sobre este mesmo assunto:
Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povosos dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mt 20:25-28 Grifo meu.
Nesta passagem a Bíblia nos narra quando a mulher de Zebedeu, mãe de Tiago e João veio até Jesus para pedir-lhe que colocasse em seu reino os dois filhos em posição de honra e autoridade ao lado direito e esquerdo de Jesus.(vs 21). Porém Jesus foi categórico com a mulher, como podemos constatar nos versos seguintes.
Será que Paulo, em Romanos estaria se contradizendo com JESUS sobre o tema? Com certeza não, quem se contradiz são aqueles que afirmam que Rm 13 é direcionado também para a autoridade eclesiástica. Aliás, sobre essa suposta “autoridade espiritual” dos pastores sobre os crentes, quero comentar a respeito.
A única autoridade espiritual que existe na igreja perante os crentes é JESUS. A Bíblia diz em Mt 28:18 “Toda autoridade me foi dada no céu e sobre a terra”.
Jesus é o cabeça do corpo de Cristo, nós todos somos os membros. Nenhum membro do corpo pode exercer superioridade através de autoridade espiritual a um outro membro, somente o cabeça (que é Cristo), é que controla todo o corpo. É assim na igreja. Jesus tem autoridade sobre toda a igreja. Todo crente que estiver em Cristo tem a mesma autoridade espiritual que nos é concedida através de Jesus. O véu foi rasgado, todos nós temos acesso. A unção é a mesma, a autoridade é a mesma, o acesso ao Pai é igual para todos! (Veja 1 Co 12).
Portanto, não existe base bíblica neo-testamentária para que um crente tenha autoridade espiritual sobre outro crente. Isso é invenção de líderes dominadores que querem manipular e controlar o rebanho da Igreja de Cristo.
A igreja com certeza é uma instituição organizada que foi estabelecida por Cristo, pois sabemos que existem dons e ministérios necessários para a edificação e organização do Corpo. Sabemos também que algumas funções têm como objetivo de liderar e coordenar a igreja. Se não fosse assim seria uma verdadeira bagunça, todo mundo iria mandar e desmandar e o culto ao nosso Deus com decência e ordem não seria possível. Porém é importante que se diga que nenhum desses dons possui “autoridade espiritual” sobre os demais crentes. Vejamos:
Em 1º lugar:
Alguns desses dons estão citados em Ef 4:11-12. Muitos pastores e líderes manipuladores citam esta passagem e afirmam que existe uma “hierarquia” ministerial na Igreja, dando uma conotação de “poderes especiais” para determinados membros do Corpo de Cristo. Porém, esta passagem jamais pode ser interpretada desta maneira.
Efésios 4:11 não mostra uma corporação de clérigos quando diz, “Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores. . .”
De maneira alguma isso acontece. Efésios 4 tem em vista aqueles dons que equipam a igreja para a diversidade do serviço (vv. 12-16). Os dons enumerados no texto são na realidade pessoas dotadas para capacitar a igreja (vv. 8,11). Estes são os dons que o Espírito Santo reparte a cada individuo como Ele quer (1 Cor. 12:11).
Em outras palavras, Efésios 4 não trata dos dons dados a homens e mulheres como uma estrutura hierárquica. Trata de homens e mulheres providos de dons que são dados à igreja. Apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres são pessoas que o Senhor levantou e outorgou à igreja para sua formação, coordenação e edificação.
Sua tarefa principal é nutrir a comunidade de crentes para que participem responsavelmente de acordo com os princípios divinos. O êxito desta tarefa se fundamenta na habilidade que possuem para capacitar e mobilizar os santos para a obra do ministério. Desta maneira, os dons de Efésios 4 equipam (do grego: katartízo = completar, preparar; e katartismós = capacitação, aperfeiçoamento) o Corpo de Cristo para que este leve a cabo o propósito eterno de Deus.
Estes dons não são ofícios nem posições formais hierárquicas. Tais termos gregos não constam do texto. Trata-se de irmãos com dons “habilitadores” peculiares, dados para cultivar os ministérios de seus irmãos.
Os apóstolos capacitaram a igreja desde seu nascimento, ajudando-a até que pudessem caminhar pelos próprios pés.
Os profetas adestraram a igreja falando a ela a palavra presente do Senhor, confirmando os dons de cada membro, preparando-a para as provas futuras.
Os evangelistas habilitam a igreja servindo como modelo na pregação das boas novas aos perdidos. Os pastores/mestres instruem a igreja cultivando sua vida espiritual por meio da exposição da Escritura.
Alguns crêem que pastores e mestres são dois ministérios separados, enquanto que outros os vêem como dimensões distintas do mesmo ministério. Nesse último conceito, pastorear seria o lado privado deste ministério, enquanto que seria o lado público.
Os ministérios de Efésios 4 (eventualmente chamados como “o quíntuplo ministério”) não equivalem à liderança da igreja. Apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres podem ser anciãos ou não.
Em suma, Efésios 4:11 não contempla coisas como clero assalariado, ministério profissional ou algum tipo de sacerdócio fabricado. Tampouco se refere a uma classe diferente de cristãos ou uma hierarquia eclesiástica. Assim como o catálogo de dons apresentados por Paulo em 1 Coríntios 12:28, Efésios 4 tem em vista funções especiais em vez de posições formais.
Em 2º lugar:
O texto do site citado no início coloca certa ligação entre “autoridade de Rm 13”com Hb 13:17 que nos diz:
“Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros”.
Analisando esta passagem:
Obedecei = deixar-se guiar / submeter-se
Submisso (vocábulo “submeter”) = grego: hupotaso = sujeição voluntária / obediente / respeitoso / sujeito.
Repare agora na diferença etimológica comparando-se à palavra “autoridade”citada em Rm 13:
Autoridade = poder de mandar / domínio / poder público. (dicionário Aurélio).
Termo grego para autoridade: Exousia = deriva da palavra exestin, que significa uma ação possível e legítima que pode ser levada a cabo sem obstáculo.
A autoridade (exousia) relaciona-se com manifestação e comunicação de poder.Mais especificamente, a autoridade é o direito de realizar uma ação particular. A Escritura ensina que Deus é a fonte única de toda autoridade (Rom. 13.1), e esta autoridade foi conferida a Seu Filho (Mat. 28:18; João 3:30-36; 17:2).
Apenas Jesus Cristo tem autoridade. O Senhor Jesus disse claramente, “Todaautoridade me foi dada no céu e sobre a terra”. Ao mesmo tempo, Deus delegou Sua autoridade aos homens e mulheres deste mundo para propósitos específicos.
Por exemplo, na ordem natural, Deus instituiu diversas esferas onde Sua autoridade deve ser exercida (Efésios 5:22-6:18; Col. 3:18-25). Estabeleceu certas “autoridades oficiais” com o propósito da preservação da ordem sob o sol. Aos oficiais governamentais, como reis, magistrados e juízes, foi dada esta autoridade (João 19:10, 11; Rom. 13:1 ss.; 1 Tim. 2:2; 1 Ped. 2:13-14).
A autoridade oficial é autoridade conferida a um oficio estático. Funciona independente das ações da pessoa que a ocupa. A autoridade oficial é autoridade posicional e fixa. Enquanto a pessoa ocupar o cargo, tem autoridade.
Quando alguém exerce as funções de autoridade, o recipiente chega a ser “uma autoridade” por seu próprio direito. É por esta razão que se exorta aos cristãos que se sujeitem aos líderes governamentais – não importando seu caráter (Rom. 13:1ss.; 1 Ped. 2:13-19).
Nosso Senhor Jesus, assim como Paulo, mostraram espírito de sujeição quando compareceram ante a autoridade oficial (Mat. 26:63-64; Atos 23:2-5). De maneira similar, devemos sempre nos sujeitar a esta autoridade. A ausência de lei e o desprezo pela autoridade são sinais de uma natureza pecadora (2 Ped. 2:10; Judas 8). Ao mesmo tempo, a sujeição e a obediência são duas coisas bem diferentes, e é um erro fatal confundi-las.
Sujeição Versus Obediência
Em que difere a sujeição da obediência? A sujeição é uma atitude. A obediência é uma ação. A sujeição é absoluta. A obediência é relativa. A sujeição é incondicional. A obediência é condicional. A sujeição é um assunto interior. A obediência é um assunto exterior.
Deus nos convoca a ter um espírito de humilde sujeição diante daqueles que Ele colocou em autoridade sobre nós na ordem natural. Contudo, não podemos obedecer-los se nos mandam fazer o que viola Sua vontade, porque a autoridade de Deus é maior que qualquer autoridade terrena.
Não obstante, você pode desobedecer enquanto se submete. Pode desobedecer a uma autoridade terrena mantendo um espírito de humilde sujeição. Pode desobedecer e ao mesmo tempo manter uma atitude de respeito e reverencia distinto do espírito de rebelião, injuria e subversão (1 Tim. 2:1-2; 2 Ped. 2:10; Judas 8).
A desobediência das parteiras hebréias (Ex. 1:17), os três jovens hebreus (Dn. 3:17-18), Daniel (Dn. 6:8-10), e os apóstolos (Atos 4:18-20; 5:27-29) exemplificam o principio de estar sujeito a uma autoridade oficial ao mesmo tempo em que desobedece quando esta se choca com a vontade de Deus.
Se Deus estabelece autoridade oficial para operar na ordem natural, ele não instituiu este tipo de autoridade na igreja. É por essa razão que os líderes eclesiásticos silenciam diante dos argumentos de Paulo na esfera da autoridade em Efésios 5-6 e Colossenses 3.
Deus dá autoridade (exousia) aos crentes para exercer certos direitos. Entre eles está a autoridade (exousia) de serem feitos filhos de Deus (João 1:12), possuir propriedades (Atos 5:4), decidir casar-se ou não (1 Cor. 7:37), decidir o que comer ou beber (1 Cor. 8:9), curar enfermidades (Mar. 3:15), expulsar demônios (Mat. 10:1; Mar. 6:7; Luc. 9:1; 10:19), edificar a igreja (2 Cor. 10:8; 13:10), receber bênçãos especiais associadas a certos ministérios (1 Cor. 9:4-18; 2 Tes. 3:8-9), ter autoridade sobre as nações e comer da árvore da vida no reino futuro (Ap. 2:26; 22:14).
Mas em nenhuma parte a Bíblia ensina que Deus deu autoridade (exousia) aos crentes sobre outros crentes!
Recordemos a palavra de nosso Senhor em Mateus 20:25-26 e Lucas 22:25-26 onde condena as formas de autoridade tipo exousia entre seus seguidores. Este fato deve ser motivo para uma séria reflexão.
Portanto, sugerir que os líderes na igreja devem exercer o mesmo tipo de autoridade que os dignitários representa logicamente um salto e uma excessiva generalização. Uma vez mais, o NT nunca vincula a exousia aos líderes da igreja, nem estabelece que alguns crentes tenham exousia sobre outros crentes.
Sem dúvida, o AT descreve os profetas, sacerdotes, reis e juízes, como autoridades oficiais. Isto se deve ao fato destes “ofícios” serem sombras da autoridade ministerial do próprio Jesus Cristo. Cristo é o verdadeiro Profeta, Sacerdote, Rei e Juiz. Mas no NT nunca encontramos qualquer passagem que descreva ou represente algum líder enquanto autoridade oficial. Isto inclui os guardiões locais, assim como aos obreiros de fora.
Para ser franco, a noção de que os cristãos têm autoridade sobre outros cristãos é um exemplo de exegese forçada e, como tal, é biblicamente insustentável. Quando os líderes da igreja exercem o mesmo tipo de autoridade que desempenham os oficiais governamentais, tornam-se usurpadores!
Certamente, a autoridade funciona na igreja, mas esta autoridade que funciona na ekklesia é notavelmente diferente da que se exerce na ordem natural. Isto faz sentido na medida em que a igreja não é uma organização humana, mas um organismo espiritual. A autoridade que opera na igreja não é oficial. É orgânica!
Em 3º Lugar:
Muitos pastores e líderes, sempre quando alguém nota algo errado e tenta questiona-los e exortá-los, os mesmos respondem em um tom de repressão, citando a famosa frase “não toqueis nos meus ungidos”.
Quero agora desmistificar esta passagem com uma refutação bem simples.
A expressão “ungido do Senhor” é bíblica e ocorre exatas oito vezes no texto hebraico do Antigo Testamento. Seis destas oito menções fazem referência ao rei Saul. Uma faz referência ao Rei Davi e uma diz respeito ao Ungido do Senhor como aguardado pelo profeta Jeremias. As menções aos reis Saul e Davi, deixam bem claro que os ungidos do Senhor não eram homens imunes nem a erros, nem a críticas e muito menos à disciplina por parte do Senhor. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão “ungido do Senhor” no final deste artigo.
A expressão “teu ungido” é também bíblica e ocorre seis vezes no texto hebraico do Antigo Testamento. Destas seis, uma diz respeito ao rei Davi e todas as outras ao Ungido como esperado pelo povo de Israel. Novamente a referência ao rei Davi é um claro indicativo que o “ungido do Senhor” era alguém passível de cometer erros, de sofrer críticas e, no caso específico de Davi, de sofrer graves conseqüências por pecados cometidos. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão “teu ungido” no final deste artigo.
A expressão “meu ungido”, da mesma forma que as duas anteriores, é bíblica e ocorre duas vezes no texto hebraico do antigo testamento. As duas referências dizem respeito ao Messias ou Ungido como esperado pelo povo de Israel. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão “meu ungido” no final deste artigo.
Por sua vez, a expressão “seu ungido”, ocorre onze vezes no texto hebraico do Antigo Testamento e uma única vez no texto grego do Novo Testamento. Estas onze referências estão assim distribuídas:
* 5 vezes fazem referência ao Ungido como o esperado Messias de Israel.
* 3 vezes fazem menção a Saul.
* 1 vez diz respeito à Eliabe, irmão de Davi.
* 2 vezes a citação é referente ao rei Davi.
* 1 vez ao imperador dos Medos, Ciro.
Desta maneira fica fácil notar que quando não se refere ao Ungido que representa o Senhor Jesus, os textos falam de homens que foram tão pecadores como qualquer um de nós. A unção para ser rei sobre o povo de Israel, conferida a Saul e a Davi, não era nenhuma garantia de que aqueles homens estavam imunes do poder do pecado, ou que não poderiam ser criticados e que estariam completamente isentos da disciplina de Deus. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão “seu ungido” no final deste artigo.
Por fim restam as duas referências que trazem de forma explícita a expressão “não toqueis nos meus ungidos”. Estas referências são:
1 Crônicas 16:22 dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.
Salmos 105:15 dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.
Antes de analisarmos estes versículos é necessário dizer que os mesmos são idênticos e isto por um bom motivo. O verso de 1 Crônicas é parte de uma compilação de Salmos que se estende do verso 7 até o verso 36 do capítulo 16 de 1 Crônicas. Esta compilação contém partes dos salmos 96, 105 e 106.
Conforme dissemos, os dois versículos são idênticos, portanto, a interpretação de um servirá como interpretação para o outro também. A questão mais importante para nós, neste momento, é definir acerca de quem o salmista está falando? Quem são os ungidos do Senhor? O contexto deixa isto bem claro, e por ele nós podemos ter certeza absoluta quem são as pessoas a quem o Senhor se refere como sendo os “ungidos do Senhor” e de “meus profetas”. Salmos 105:8 – 15 diz o seguinte:
“Lembra-se perpetuamente da sua aliança, da palavra que empenhou para mil gerações; a aliança que fez com Abraão e do juramento que fez a Isaque; o qual confirmou a Jacó por decreto e a Israel por aliança perpétua, dizendo: Dar-te-ei a terra de Canaã como quinhão da vossa herança. Então, eram eles em pequeno número, pouquíssimos e forasteiros nela; andavam de nação em nação, de um reino para outro reino. A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.”
O texto é absolutamente cristalino. Aqueles que são chamados de “ungidos do Senhor” e de “meus profetas” são os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. São os Israelitas. Todos e cada um deles. Ninguém que pertença verdadeiramente ao povo de Israel é deixado de fora.
Portanto, como dissemos, o mito de que os pastores constituem-se em os “ungidos do Senhor”, como uma casta distinta e superior a todos os crentes, não passa realmente de uma invencionice perversa cujo único propósito é munir homens perversos com mecanismos que os possibilitem abusar de suas ovelhas. Precisamos retornar, de maneira urgente, ao padrão bíblico do pastor-servo à imitação do próprio Senhor Jesus.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário