Você sabia que as pessoas com deficiência auditiva são um dos segmentos dos sete grupos socioculturais que têm pouco ou nenhum acesso ao Evangelho do Senhor Jesus no Brasil? São 9 milhões de pessoas (de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, CENSO de 2010), mas só 1% é de confissão cristã evangélica.
Jesus deu uma comissão ao Seu povo: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”; esse é o mandamento familiar da “longa conclusão” do evangelho de Marcos (Mc 16.15). “Ide […], fazei discípulos de todas as nações, batizando-os […], ensinando-os” encontra-se em Mateus 28.19-20. Já Lucas registra, no final de seu evangelho, as palavras de Cristo de que em Seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, e, no início de Atos, de que Seu povo receberia poder para se tornar testemunha até os confins da terra (Lc 24.47; At 1.8).
Como levar o Evangelho de Cristo?
A grande comissão é realizada por meio da pregação, testemunho e discipulado. Assim como escreveu o apóstolo Paulo: “Meus irmãos, desejo de todo o coração que o meu próprio povo seja salvo” (Rm 10.1). É também nosso desejo que as pessoas com deficiência auditiva experimentem a alegria da salvação. E, então, que eles sejam parte daqueles que utilizarão suas habilidades, dons e talentos dados por Deus para extensão do Seu Reino. Porém uma grande barreira para o cumprimento dessa grande comissão ainda é a comunicação. A comunicação dos surdos exige uma língua específica, que é a Libras, ainda pouco conhecida pelos ouvintes.
Avanço insatisfatório
A comunidade surda já alcançou grandes conquistas, como a aprovação da Lei nº 10.436/2002, que marca o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como oficial no Brasil; a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e o Plano Nacional de Educação, o qual garante escola inclusiva para os surdos. Atualmente a inclusão social das pessoas com deficiência tem sido objeto de grandes discussões e alvo de políticas públicas por parte do governo brasileiro. Felizmente, o mundo desenvolveu, levando a uma maior aceitação da deficiência devido ao aparecimento de novos pensamentos e mentalidades.
Hoje, as crianças com deficiência auditiva frequentam a escola, o jovens têm tido mais oportunidades no mercado de trabalho, têm sido participantes da vida social, econômica e política do Brasil. O número de vagas para pessoas com deficiência em empresas e universidades tem aumentado, surdos cursam mestrado e doutorado. Recentemente, o Conexão GAP produziu um programa sobre esse tema, contando inclusive com a participação da Secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Priscilla Gaspar, a primeira pessoa surda no alto escalão dos governos do mundo todo, tão próxima ao chefe de Estado.
No entanto ainda temos um longo caminho a percorrer. Com relação ao evangelismo, uma das dificuldades é a própria tradução da Bíblia, pois, ao traduzir para Libras, a interpretação não é tão clara para os surdos. Não se pode simplesmente traduzir o texto, é preciso interpretá-lo da forma como os surdos se comunicam, da maneira como eles enxergam o mundo. No Ministério Ephatá, da Lagoinha, são oferecidos cursos para pessoas com deficiência auditiva e ensino de Libras para ouvintes.
Um caminho a seguir
“Como, pois, invocarão Aquele em quem não creram? E como crerão Naquele de quem não ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o Evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas” (Rm 10.14-15). Como podemos dar um tratamento isonômico às pessoas com deficiência auditiva? Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades. Então, cabe a nós cumprir a grande comissão de maneira adaptada a um dos povos menos alcançados: utilizar a Libras para sinalizar a Palavra de Deus, testemunhando e discipulando essas pessoas.
:: Miriam Caetano [Grupo de Ação Política – GAP]
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