Capacidade é potencial. Habilidade é o domínio da prática. Quem é capaz faz (ou não). Quem é hábil realiza com excelência. Geralmente relacionamos capacidades e habilidades ao trabalho, mas essas palavras se relacionam a questões de toda ordem. Aqui está a diferença, por exemplo, entre ouvir e ser bom ouvinte; entre falar e ser eloquente; entre escrever e ser um escritor.
Como está escrito: “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tiago 1.19). Está em destaque o domínio sobre a capacidade. Quase todas as pessoas nascem com a capacidade de ouvir, mas ainda precisam desenvolver a habilidade da audição. A atitude contrária é identificada na Bíblia como rebeldia, negligência ou “tapar os ouvidos” em sinal de desprezo (Pv 28.9; 21.13; Hb 5.11). Precisamos ouvir mais e falar menos. A habilidade de ouvir inclui receptividade ao outro, além de humildade e disposição para aprender. Quem ouve será capaz de falar bem. Entretanto nem tudo merece ser ouvido. Precisamos ter o cuidado, sempre que possível, de ouvir o que é bom. Devemos evitar a fofoca, a mentira e até mesmo as músicas com letras malignas. Via de regra, a habilidade de ouvir é o caminho para o desenvolvimento de outras habilidades.
“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10.17). “O Senhor Deus me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer a Seu tempo uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem. O Senhor Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde; não me retirei para trás” (Isaías 50.4,5).
Precisamos transformar nossas capacidades em habilidades, como o ourives transforma pedra em joia. A capacidade não é um fim em si mesma e pode tornar-se inútil caso não seja bem aplicada. Em diversas situações, a Bíblia nos propõe essa realidade, por exemplo, quando cita homens valentes e hábeis, escolhidos e preparados, armados e destros para a guerra (1Cr 5.18; 8.40; 12.33-35; 2Cr 11.1; 1Rs 12.21; Ct 3.8; 2Rs 24.16). São duas dimensões necessárias e não podemos nos acomodar à primeira. Para isso, é preciso conscientização, vontade, dedicação e treinamento. Só assim alcançaremos a realização das nossas potencialidades.
:: Pr. Anísio Renato de Andrade
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