segunda-feira, 19 de março de 2018

Jesus não defendia bandido; isto é “fake news”

Em seu clássico “1984”, o escritor inglês George Orwell narrava como seria um futuro distópico, de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo era feito coletivamente, mas cada pessoa vive sozinho.
Dois conceitos propostos por ele se eternizaram como expressão de uma lógica absurda, mas que parece ter se normatizado nos últimos anos. O “duplipensar” era definido como “o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que tenha se tornado inconveniente”.
Já a “novilíngua” propunha a “condensação” e “remoção” do sentido de palavras e de alguns de seus sentidos, com o objetivo de restringir o escopo do pensamento. Ficava estabelecido pelo seu criador, o “Ministério da Verdade”, declarações como “Paz é Guerra, Ódio é Amor, Liberdade é Escravidão”.
No Brasil, depois de décadas onde o marxismo cultural foi sendo lenta e continuamente instalado, nos deparamos com manifestações de “duplipensar” e “novilíngua” mesmo na igreja.
Apesar de terem acesso à Bíblia, muitos parecem não lembrar que centenas de anos antes o profeta Isaías já alertava sobre isso, quando escreveu sua revelação do Senhor: Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Isaías 5:20).
Dentro da guerra de narrativas, travada todos os dias neste país, vem sendo recorrente o pensamento de que “Jesus defendia bandido”.
No Natal de 2017, a “Quebrando o Tabu”, página que tem grande influência nas redes sociais, postou uma mensagem de Natal que foi compartilhada mais de 17 mil vezes.
Ela dizia: “Jesus era um revolucionário radicalmente não violento que andava com prostitutas e ladrões. Era contra o acúmulo de riquezas e contra a pena de morte. Nunca chamou pobres de preguiçosos, defendia bandidos e não achava que matar era solução para alguma coisa”.
Também teve grande popularidade a charge de “Um Sábado Qualquer”, que já ridicularizou a imagem de Jesus dezenas de vezes. O quadrinho, com mais de 70 mil compartilhamentos, mostra um soldado romano falando aos seguidores que choravam pela morte de Jesus na cruz: “Por que essa comoção toda? Ele defendia bandido!”.
Ora, não existe qualquer indicação bíblica que as coisas eram desse jeito. Uma análise séria do Antigo Testamento mostra que, na lei estabelecida por Deus, a propriedade privada é um direito. Entre os Dez Mandamentos isso fica explicitado no “Não roubarás”.
Em sendo Deus encarnado, Jesus não anulou a Lei, onde além do 7º mandamento, havia punições previstas para ladrões (Ex 22:2-3 e Dt 24:7).
Os encontros que Jesus teve, em seu ministério terreno, com pessoas consideradas “bandidos”, o caso mais emblemático possivelmente era o de Zaqueu. Ao ter um encontro com o Cristo vivo, sua decisão foi mudar de vida. Ele afirmou: “Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” (Lc 19:8).
No mesmo capítulo, no versículo 45, ao entrar no templo e flagrar a ação de malfeitores, a atitude de Jesus não foi defendê-los, pelo contrário “começou a expulsá-los, dizendo: “A minha casa será casa de oração; mas vocês fizeram dela ‘um covil de ladrões’” (Lc 19:45-46).
Diante do julgamento a que foi submetido, quem escolheu defender o bandido (ou salteador, dependendo da tradução), foi o povo, ao gritar que soltassem Barrabás em vez de Jesus (Jo 18:40).
Na cruz, colocado entre dois “criminosos” (ladrões, dependendo da tradução) o que Jesus ouviu de um deles foi: “Salve-se a si mesmo e a nós” (Lc 23:39), ou seja “defenda-nos”. Porém, o Senhor ignorou esse pedido.
Seria possível ainda listar outros encontros de Jesus com pessoas que eram discriminadas na sociedade. Ele, de fato, teve uma relação amigável com mulheres que eram malvistas pelo povo (como Maria Madalena e a mulher adúltera de João 8). Porém, a lição sempre foi “Vá e não peques mais”.
O fato é que, muitas vezes, os cristãos acabam sendo levados pelos debates que ocorrem na sociedade. Mas isso não significa que é possível colocar Jesus dentro de uma caixinha com um rótulo partidário ou político-ideológico. A figura de Cristo não deveria ser parte dessa tentativa de “moldar” o pensamento das pessoas para aderirem a essa “novilíngua” e “duplipensar” que tentam estabelecer no Brasil.
Portanto, é bom deixar claro: Jesus não defendia bandido, isto é “fake news”.

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segunda-feira, 19 de março de 2018

Jesus não defendia bandido; isto é “fake news”

Em seu clássico “1984”, o escritor inglês George Orwell narrava como seria um futuro distópico, de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo era feito coletivamente, mas cada pessoa vive sozinho.
Dois conceitos propostos por ele se eternizaram como expressão de uma lógica absurda, mas que parece ter se normatizado nos últimos anos. O “duplipensar” era definido como “o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que tenha se tornado inconveniente”.
Já a “novilíngua” propunha a “condensação” e “remoção” do sentido de palavras e de alguns de seus sentidos, com o objetivo de restringir o escopo do pensamento. Ficava estabelecido pelo seu criador, o “Ministério da Verdade”, declarações como “Paz é Guerra, Ódio é Amor, Liberdade é Escravidão”.
No Brasil, depois de décadas onde o marxismo cultural foi sendo lenta e continuamente instalado, nos deparamos com manifestações de “duplipensar” e “novilíngua” mesmo na igreja.
Apesar de terem acesso à Bíblia, muitos parecem não lembrar que centenas de anos antes o profeta Isaías já alertava sobre isso, quando escreveu sua revelação do Senhor: Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Isaías 5:20).
Dentro da guerra de narrativas, travada todos os dias neste país, vem sendo recorrente o pensamento de que “Jesus defendia bandido”.
No Natal de 2017, a “Quebrando o Tabu”, página que tem grande influência nas redes sociais, postou uma mensagem de Natal que foi compartilhada mais de 17 mil vezes.
Ela dizia: “Jesus era um revolucionário radicalmente não violento que andava com prostitutas e ladrões. Era contra o acúmulo de riquezas e contra a pena de morte. Nunca chamou pobres de preguiçosos, defendia bandidos e não achava que matar era solução para alguma coisa”.
Também teve grande popularidade a charge de “Um Sábado Qualquer”, que já ridicularizou a imagem de Jesus dezenas de vezes. O quadrinho, com mais de 70 mil compartilhamentos, mostra um soldado romano falando aos seguidores que choravam pela morte de Jesus na cruz: “Por que essa comoção toda? Ele defendia bandido!”.
Ora, não existe qualquer indicação bíblica que as coisas eram desse jeito. Uma análise séria do Antigo Testamento mostra que, na lei estabelecida por Deus, a propriedade privada é um direito. Entre os Dez Mandamentos isso fica explicitado no “Não roubarás”.
Em sendo Deus encarnado, Jesus não anulou a Lei, onde além do 7º mandamento, havia punições previstas para ladrões (Ex 22:2-3 e Dt 24:7).
Os encontros que Jesus teve, em seu ministério terreno, com pessoas consideradas “bandidos”, o caso mais emblemático possivelmente era o de Zaqueu. Ao ter um encontro com o Cristo vivo, sua decisão foi mudar de vida. Ele afirmou: “Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” (Lc 19:8).
No mesmo capítulo, no versículo 45, ao entrar no templo e flagrar a ação de malfeitores, a atitude de Jesus não foi defendê-los, pelo contrário “começou a expulsá-los, dizendo: “A minha casa será casa de oração; mas vocês fizeram dela ‘um covil de ladrões’” (Lc 19:45-46).
Diante do julgamento a que foi submetido, quem escolheu defender o bandido (ou salteador, dependendo da tradução), foi o povo, ao gritar que soltassem Barrabás em vez de Jesus (Jo 18:40).
Na cruz, colocado entre dois “criminosos” (ladrões, dependendo da tradução) o que Jesus ouviu de um deles foi: “Salve-se a si mesmo e a nós” (Lc 23:39), ou seja “defenda-nos”. Porém, o Senhor ignorou esse pedido.
Seria possível ainda listar outros encontros de Jesus com pessoas que eram discriminadas na sociedade. Ele, de fato, teve uma relação amigável com mulheres que eram malvistas pelo povo (como Maria Madalena e a mulher adúltera de João 8). Porém, a lição sempre foi “Vá e não peques mais”.
O fato é que, muitas vezes, os cristãos acabam sendo levados pelos debates que ocorrem na sociedade. Mas isso não significa que é possível colocar Jesus dentro de uma caixinha com um rótulo partidário ou político-ideológico. A figura de Cristo não deveria ser parte dessa tentativa de “moldar” o pensamento das pessoas para aderirem a essa “novilíngua” e “duplipensar” que tentam estabelecer no Brasil.
Portanto, é bom deixar claro: Jesus não defendia bandido, isto é “fake news”.

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