Hoje
pela manhã, ao fazer minha leitura devocional e em seguida compartilhar
com minha esposa, fomos ensinados de forma categórica pelo Senhor na
passagem do capítulo 14 da epístola de Paulo aos Romanos, versos 1 a 23 e
também o capítulo 15 versos 1 a 13. A passagem toda fala da tolerância
que os cristãos deverão ter uns para com os outros. Porque cristãos há
que desprezam outros e também cristãos há que julgam aos seus próprios
irmãos em Cristo? E porque o apóstolo Paulo reportou-se a esse assunto
em Romanos?
Paulo escrevia aos cristãos de Roma. Ele explica desde o início que
existiam cristãos que tinham escrúpulos quanto ao que comer ou quanto a
considerar certos dias mais importantes do que outros. Ele fala do
cristão fraco e fala do cristão forte. E que havia pendengas entre eles porque o mais forte desprezava o mais fraco, o débil (Almeida Revista e Atualizada), ou enfermo na fé (Almeida
Corrigida e Fiel) enquanto o mais fraco julgava o mais forte porque
este não curtia nenhuma espécie de abstenção quanto ao que comer ou a
guardar determinados dias.
Crentes judeus e gentios deveriam conviver em harmonia. Os judeus
traziam para a vida cristã muitos de seus costumes visto que não
deixavam de ser judeus por causa da conversão à fé cristã. O próprio
apóstolo Paulo foi um exemplo nesse aspecto. Ele soube se adaptar com os
cristãos judeus enquanto na companhia deles, como também sabia lidar
com as maneiras dos cristãos gentios quando vivia entre estes. Paulo
estava emancipado do legalismo judaico e da lei.
A nossa realidade eclesiástica demonstra bem do que estou falando.
Existem igrejas que tem um conjunto de doutrinas humanas para serem
observadas por todos aqueles que são membros dessas igrejas. E nisto,
muitas coisas que são culturais e acerca das quais a Bíblia não
pontifica que o homem ou a mulher cristã devem observar, devem guardar,
são impostas arbitrariamente aos servos de Deus. E aí se estabelece o
problema.
Eu posso fazer determinadas coisas em que as Escrituras não me condenam,
não dizem que seja pecado. Minha consciência está tranquila,
fortalecida. Não me sinto culpado em praticá-las. Nesse caso, eu sou o
assim chamado cristão forte, segundo o texto bíblico em apreço.
Mas devo considerar que outros não veem ou não se pautam pela minha
ótica. Suas consciências ainda não foram totalmente moldadas pela
verdade do Evangelho, por causa do ensino deficiente em sua igreja, por
aquilo que seus líderes e sua denominação praticam como artigo de fé.
E então, esses amados cristãos débeis em sua fé, julgam os crentes
fortes por causa de suas práticas. Para aqueles, parece que o
comportamento deles é libertinagem ou mundanismo. Para os últimos, os
cristãos fracos são legalistas que julgam e intentam impor seu ponto de
vista a todos.
Mas graças a Deus existe ensino sólido na Bíblia para compreendermos
como estes dois tipos de cristãos devem mutuamente se entender. E estes
capítulos 14 e 15 de Romanos (como também o cap. 8 de 1 Coríntios e a
epístola aos Gálatas), demonstram largamente a liberdade que temos em
Cristo, mas também ensinam acerca do AMOR que mutuamente devem os cristãos devotar uns aos outros.
A atitude correta é de acolhimento, de boas vindas, de receptividade
mútua. Cristãos que julgam e que desprezam-se mutuamente são de uma
incoerência completa perante os olhos de Deus e do mundo. A marca da
sociedade dos cristãos, ou seja, da Igreja, é o AMOR. Devo ter a
sensibilidade de perceber que meu irmão poderá ainda não ter sua
consciência totalmente moldada pelo Evangelho e por isso ele acha que
determinadas práticas, determinadas posturas na vida são pecados. O
pecado na Bíblia sempre estará na ordem do absoluto. Pecado é pecado,
seja hoje, seja em qualquer época e isso é imutável. Todavia, costumes
humanos são relativos, mutáveis, se alternam ao sabor dos tempos. Além
disso, não são ordenanças divinas, se assim fossem deveria o cristão
observá-las com todo o zelo. Os usos e costumes dos homens, suas
tradições, ou os folks e os mores, como se diz em Sociologia, podem ser
observados ou não. Ninguém é obrigado, muito embora saibamos do poder
coercitivo do grupo e das sanções que acompanham aquele que deseja
permanecer no grupo, na igreja, mas não concorda em obedecer o que é
estabelecido ali.
No caso dos crentes de Roma, a disputa era por causa de comidas, bebidas
e guarda de dias sagrados. E hoje? É só você fazer uma pesquisa, não só
em sua própria igreja como em várias outras para se verificar a carga
de ensinos e tradições humanas que foram entregues aos servos de Cristo
para serem observados. Muitos alegremente se entregam a essas ordenanças
julgando assim estarem fazendo a vontade de Deus. Mas outros dentro da
mesma igreja, repudiam as mesmas ordenanças humanas porque chegam a
compreender pelas Escrituras de que não estão obrigados a observar
aquilo que é humano. E então o conflito se estabelece. Dois grupos de
cristãos, os fortes e os fracos. Aqueles que comem de tudo e aqueles que
só comem legumes!
Que o forte não considere desprezível as inibições do fraco. Que o fraco
não condene e não julgue o forte por seu comportamento aparentemente
libertino. Tanto um como o outro são servos de Deus. E Paulo fala a
ambos dizendo que cada um tem sua responsabilidade diante de Deus,
leiamos: "Mas tu, por que julgas teu
irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de
comparecer ante o tribunal de Cristo." E também: "Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros" (Rm
14.10,19). Em todo o restante do capítulo e também no seguinte, Paulo
orienta principalmente ao crente forte para que ele tenha todo o zelo
para não ser pedra de tropeço ao seu irmão mais fraco.
A prioridade é o amor. O que se come ou o que se bebe, o que se faz ou
se deixa de fazer, o que se usa ou deixa de usar é realmente de caráter
secundário. Por isso transcrevo essas palavras magistrais de Paulo: "Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (14.17).
Sejamos imitadores de Jesus, que acolhia a todos sem distinção. Jesus é e
sempre será o nosso padrão maior de como devemos nos amar mutuamente. A
Igreja precisa caminhar nesse amor. O mundo precisa ver este amor em
nós. E o nome de Deus será altamente glorificado.
Pensemos todos nisso.
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